Da curso de Medicina

Na docência, no ensino e na pandemia 

VOICEmed

A rubrica ‘Do curso de’ deu lugar,
nos últimos três meses, à ‘Da linha da frente’.

Agora, é tempo de revermos os testemunhos de todos aqueles que por aqui passaram ao longo das últimas oito edições. 

Catarina Resende de Oliveira

Foram cinco os professores jubilados da FMUC que fizeram parte, este ano letivo, da rubrica ‘Do curso de’. Começámos por conhecer melhor Catarina Resende de Oliveira, que nos contou que a escolha do curso de Medicina surgiu não só do interesse científico em conhecer os mecanismos das doenças e em antever possíveis opções terapêuticas, mas também do interesse em conhecer a doença e em lidar com o homem doente.

Confessou ter vivido intensamente a crise estudantil de 1969, quando estava no 6º ano do curso, e relembrou episódios vividos nessa época, bem como outros, já no decorrer do seu percurso profissional.

Jubilou-se em 2016 e, na mesma altura, foi-lhe colocado um desafio a nível hospitalar:
o de organizar a investigação clínica no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC). Catarina Resende de Oliveira é, atualmente, membro da direção do Centro Académico e Clínico de Coimbra (CACC) e coordenadora da Agência de Investigação Clínica e Inovação Biomédica (AICIB).
 

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Nasceu em Portugal, em 1929, e aos oito anos de idade foi viver para Angola.
Cerca de 12 anos depois, voltou ao País para ingressar no curso de Medicina da FMUC. Frontal desde os tempos de infância, ficámos a perceber que esse traço da personalidade do conhecido médico ortopedista se mantém vincado até hoje: Norberto Canha tem opinião formada para qualquer assunto. E nunca deixa de a dizer.

Enquanto estudante universitário, desempenhou diversos cargos académicos e, findo o curso, repartiu a sua vida profissional entre Portugal, Guiné-Bissau e Moçambique. Norberto Canha diz ter ainda muito para fazer. Hoje, divide-se entre a redação e a publicação de vários livros, a reabilitação da Associação Cognitária Vasco da Gama (ACVG) e o trabalho humanitário, através da Missão Catimbó, na Guiné-Bissau, onde opera doentes com elefantíase.
 

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Norberto Canha
António Meliço Silvestre

Seguiu-se António Meliço Silvestre, que nos contou ser um “homem do Penedo da Saudade”, já que nasceu e viveu sempre perto daquele local. Terminou o curso de Medicina da FMUC em 1970 e foi também na cidade de Coimbra que iniciou o seu percurso profissional. Passou depois por Londres, para a realização de alguns estágios, e por Paris, para fazer o Doutoramento.

Regressado a Coimbra, dedicou-se à Medicina Interna e à Cardiologia. Mas, em 1985, deu-se uma grande mudança no seu percurso profissional. Numa altura em que foram diagnosticados na região Centro os primeiros casos de infeção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH), António Meliço Silvestre assumiu a direção do Serviço de Doenças Infeciosas dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC).

A par do gosto pela escrita, nutre um outro: o das viagens. Revelou-nos, por isso, que dar a volta ao mundo faz parte dos seus planos.
 

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Quando começámos a conversar acerca do seu percurso, Adelino Marques quis deixar logo bem claro que apenas tinha uma “ínfima” memória de acontecimentos da sua vida. Mas, afinal, fomos surpreendidos pelo tanto de que ainda se lembrava.

Dos episódios caricatos passados na escola primária aos passeios pela cidade de Coimbra com o seu irmão mais novo, contou-nos como foi a sua infância. Depois, relembrou a influência que teve o seu irmão mais velho na escolha do curso de Medicina e falou-nos da carreira universitária e da prática clínica. E também nos relatou a sua vivência do maio de 68 em Paris (onde, aliás, aprendeu como se faz um cocktail molotov).

Jubilado desde 2001, Adelino Marques falou-nos ainda acerca do seu interesse pelo arquivo da Ordem Terceira de São Francisco, instituição da qual faz parte e cuja direção chegou, inclusive, a presidir.


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Adelino Marques
Polybio Serra e Silva

Foi com Polybio Serra e Silva que fizemos a última rubrica ‘Do curso de’ deste ano letivo. Conversámos no início de março e ficámos a saber como alguém que queria ser engenheiro se tornou médico e professor.

Pioneiro ao priorizar a prevenção da Saúde, tem desempenhado um notável papel em fazer chegar a sua importância a um público mais alargado e que, à partida, não está familiarizado com a terminologia médica. Por isso, publicou já vários livros acerca da Prevenção, ilustrados e escritos em prosa rimada ou quadra popular.

Polybio Serra e Silva contou-nos também acerca da sua participação em congressos e conferências, no âmbito de diversos eventos promovidos pela Fundação Portuguesa de Cardiologia ou da Academia do Bacalhau de Coimbra, da qual é “Compadre Prestígio” e que dinamiza através das suas comunicações.

Dado o presente contexto, nas últimas três edições da Voice*MED demos voz a médicos e a alunos da FMUC, que nos relataram, em vídeo, como estão a vivenciar a atual pandemia e que impacto a mesma tem tido, respetivamente, na sua atividade clínica e nos seus estudos.  

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A primeira edição de ‘Da linha da frente’ contou com os testemunhos de seis médicos de diversas especialidades que se encontravam no terreno, em contacto direto com doentes infetados. Na edição seguinte, foi a vez de conhecermos como cinco serviços clínicos com um papel particularmente ativo no combate à pandemia têm enfrentado e gerido esta situação. Por fim, na última edição foi a vez de ouvirmos os alunos do Mestrado Integrado em Medicina (MIM), que nos contaram como tem sido aprender, estudar e fazer avaliações à distância.

Não sabemos como será o próximo número da Voice*MED, nem o formato em que esta rubrica voltará. Mas sabemos que será sempre com algo ‘Do curso de Medicina’.


por Luísa Carvalho Carreira (texto e fotografia de topo)
fotografias gentilmente cedidas pelos convidados desta rubrica