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Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra

Investigação pode contribuir para novas abordagens de medicina de precisão dirigidas a metástases hepáticas de cancro colorretal

Sobre o estudo

O cancro colorretal é um dos mais frequentes no mundo, estando a maioria das mortes relacionada com a formação de metástases, predominantemente hepáticas, resultando numa sobrevida global, a 5 anos, entre 10 e 20%. O estudo do sistema imune, no microambiente tumoral, tem assumido cada vez mais importância no estabelecimento do prognóstico, podendo exercer uma atividade anti ou pró-tumoral. 

Este estudo teve como principal objectivo identificar biomarcadores de prognóstico e novos alvos terapêuticos que possam contribuir para um algoritmo de medicina de precisão e, consequentemente, melhorar o tratamento dos doentes com cancro colorretal. 

Assim, foram utilizadas amostras de tecido tumoral e não tumoral de 47 doentes com metástases hepáticas de cancro colorretal, caracterizadas histologicamente de acordo com o seu padrão de crescimento, em desmoplásico e não desmoplásico. 

O estudo do sistema imune no microambiente tumoral foi feito por citometria de fluxo, procedendo-se à identificação das principais populações de células T: CD4+, CD8+, CD4+/CD8+, , CD4-/CD8-/+). Dentro de cada uma destas populações, procedeu-se à quantificação e caracterização de várias subpopulações funcionais, nomeadamente células T reguladoras, Th1, Th17 e T foliculares, tendo-se identificado e caracterizado um total de 60 subpopulações diferentes de células T a nível do tumor.


Resultados e impacto

Os nossos resultados revelaram diferenças significativas entre o infiltrado linfocitário do tecido tumoral e não tumoral, verificando-se um aumento da frequência de células T reguladoras no tecido tumoral, particularmente as que apresentavam um fenótipo de célula activada, um aumento de células T CD4 e uma diminuição das células T CD8, e da sua subpopulação CD56+, bem como uma diminuição das células T. Observou-se, também, um aumento da frequência de células Th17 no tecido tumoral, que se relacionava com o tamanho do tumor. 

Em conclusão, os resultados deste estudo apontam para um microambiente tumoral mais imunossupressor, com aumento da presença de células com uma atividade imunorreguladora, associado a uma diminuição de células potencialmente mais citotóxicas, bem como um aumento de células que podem potenciar a angiogénese, favorecendo a disseminação do tumor.

Estes achados podem contribuir para o desenvolvimento de novas abordagens de medicina personalizada com o intuito de melhorar os resultados do tratamento dos doentes com metástases hepáticas de cancro colorretal.



Artur Paiva


Cancers
Extensive Phenotypic Characterization of T Cells Infiltrating Liver Metastasis from Colorectal Cancer: A Potential Role in Precision Medicine


Fotografia de National Cancer Institute @ Unsplash