CIMAGO

Isto é FMUC

O Centro de Investigação em Meio Ambiente, Genética e Oncobiologia (CIMAGO) é um instituto multidisciplinar de investigação da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC), que promove, desenvolve e divulga a investigação científica fundamental, a investigação translacional e clínica nas áreas do Ambiente, da Genética e do Cancro.


Uma história com mais de 20 anos

O CIMAGO foi criado oficialmente em 2003, mas a sua história remonta ao ano de 1985, tal como indica a coordenadora deste centro, Isabel Carreira. “Nesse ano, os países que pertenciam à Comunidade Económica Europeia [CEE] iniciaram um programa chamado ‘Europa contra o Cancro’, cujo objetivo era reduzir, em 15 por cento, a mortalidade por cancro no ano de 2020. Portugal aderiu a essa iniciativa, criando o Conselho Nacional de Oncologia, responsável pela elaboração dos planos oncológicos Nacionais”, esclarece.

A FMUC não ficou indiferente a esta tomada de consciência. Em 1987, e para “colmatar as insuficiências que existiam no ensino curricular da Oncologia na licenciatura em Medicina”, iniciou uma série de seminários de Oncologia Clínica, de periodicidade semestral, nos quais eram abordados diferentes temas oncológicos, integrando o conhecimento fundamental com a clínica. “Esta ideia partiu do Professor Carlos Oliveira, Professor de Ginecologia e Oncologia, que sempre teve um grande interesse pela área da Oncologia”, refere. “Em 1989, a FMUC integra a Oncologia no ensino teórico-prático do 6º ano do curso de Medicina e, em 1992, essa integração é igualmente adotada pelo curso de Medicina Dentária”, acrescenta a coordenadora do CIMAGO.

Nesse sentido, e porque a Oncologia começou a ser lecionada nas licenciaturas de Medicina e de Medicina Dentária, os seminários de Oncologia Clínica passaram a ter como foco os progressos mais recentes da área. “Assim surgiram as Atualizações em Oncologia”, afirma, “sendo que, até ao ano de 2011, houve cerca de 25”.

Ainda no ano de 1994, um grupo de professores da FMUC elaborou um projeto para criar um Centro de Oncobiologia. “E esse projeto até foi aprovado em Conselho Científico”, conta Isabel Carreira. Só que, nessa altura, existiam outros projetos que também eram importantes para a Escola e, por isso, a ideia acabou por não se concretizar.

“Mas a consciencialização de que a investigação devia ir desde a carcinogénese aos mecanismos moleculares envolvidos até à patologia molecular e clínica levou outra vez a que o Conselho Científico da FMUC aprovasse, no final de 2003, a criação deste centro, liderado pelo Professor Carlos Oliveira”, refere. Surgia assim o CIMAGO.


A associação de apoio

“Logo no início dos trabalhos do CIMAGO, tive o privilégio, juntamente com um grupo de colegas, de ser contactada pelo Professor Carlos Oliveira para iniciarmos uma Comissão Organizadora deste Centro”, contextualiza. Esta Comissão entendeu que seria importante a criação de uma Associação de Apoio ao CIMAGO, a ACIMAGO, que surge em 2005 e que tem a missão de apoiar financeira e logisticamente este centro, bem como a organização em conjunto com o CIMAGO da reunião anual. Surge o I Congresso do CIMAGO em 2012 em conjunto com as XXVI Atualizações em Oncologia.

“Desde esta altura muito se fez. Estabeleceram-se colaborações com outros Centros e Faculdades, como as de Farmácia, Ciências e Tecnologias e Direito da Universidade de Coimbra, não podendo deixar de salientar a ligação ao Centro de Investigación del Cáncer de Salamanca. Este centro apoiou-nos desde cedo, e a nossa ligação com o Professor Alberto Órfão permitiu-nos consolidar, desenvolver e crescer bem estruturados”, destaca.


Os grupos de investigação

“Em 2011 assumi a Coordenação do Centro e dado estávamos em crise e o financiamento começou a ser mais reduzido, entendemos que tínhamos de repensar a forma como trabalhávamos”, observa. Deste modo, em 2013 foi desenhado um plano estratégico do CIMAGO, e foram pensadas novas formas de agregação dos grupos de investigação (um grupo no Ambiente, outro na Genética e dois na Oncobiologia). “Nesse âmbito, entendemos que seria oportuno termos uma avaliação externa”, salienta, solicitada ao Professor Alberto Órfão, na altura membro externo da Assembleia da FMUC.

“Apesar dos receios inerentes a uma avaliação externa, sentia que estávamos na direção certa”, relembra. A avaliação foi positiva e construtiva. “Dizia que, apesar de estar ainda em fase de crescimento, o CIMAGO tinha potencial e notava-se a vontade de ‘querer fazer”. O documento vinha com 25 recomendações, das quais mais de metade já estavam a ser implementadas por nós e outras em implementação, o que nos deixou muito motivados. Sentimos que estávamos no ‘bom caminho’”, refere.

A partir desse ano, o CIMAGO passou a disponibilizar online o relatório anual de atividades, disponibilizando, igualmente, um resumo da atividade desenvolvida entre os anos de 2003 e 2012. Atualmente, o CIMAGO conta com 68 doutorados, 49 dos quais são médicos, 44 alunos de doutoramento e 28 mestres e colaboradores.


A atribuição de bolsas e o financiamento para a investigação

Em 2014, o CIMAGO, por proposta do então Presidente da Liga Portuguesa Contra o Cancro – Núcleo Regional do Centro (LPCC-NRC), Carlos Oliveira, estabeleceu um acordo relativo à atribuição de três bolsas anuais, mediante a proposta de um projeto. Esta iniciativa foi igualmente acolhida pelo atual Presidente da Liga, Vítor Rodrigues.

“De 2014 até hoje, foram já atribuídas 21 bolsas e, adicionalmente, cerca de 50 mil euros anuais”, refere Isabel Carreira. “Todos os anos, o CIMAGO elabora e envia um relatório de atividades, para que seja possível mostrar que o apoio se traduz em produção científica, formação e divulgação”, constata.

Os números falam por si. “Um levantamento da nossa produção desde 2013 mostra que temos: 960 artigos científicos publicados em revistas com fator de impacto; 78 capítulos de livro; 729 resumos publicados em revistas com fator de impacto; 2751 participações em trabalhos e em reuniões científicas; 741 palestras por convite; 549 comunicações orais e 1461 posters. Foram defendidas, neste período, 55 teses de doutoramento, 479 dissertações de mestrado e foram atribuídos aos membros das três áreas do CIMAGO 146 prémios. Organizámos também 148 congressos, cursos e formações”, destaca.


O balanço de 11 anos como coordenadora

“Tenho o grande privilégio de estar à frente deste Centro”, começa por indicar Isabel Carreira. “Os meus Colegas sabem do meu compromisso, mas também sabem que o meu lugar está sempre à disposição, porque acredito em novas ideias e novas vontades”, complementa.

Isabel Carreira indica, no entanto, que este não tem sido, de todo, um trabalho solitário, e que para o sucesso do CIMAGO muito têm contribuído todos aqueles que dele fazem parte. “O CIMAGO não seria o mesmo sem o seu núcleo duro, os Professores Carlos Oliveira, Alberto Órfão, Nascimento Costa, Ana Bela Sarmento Ribeiro, Ana Todo Bom, Anabela Mota Pinto, Filomena Botelho, Guilherme Tralhão, José Casanova, Lèlita Santos, Santos Rosa, Vítor Rodrigues… e todos os investigadores que aqui são importantes. Todos! Se tivesse de os listar a todos, estávamos aqui até amanhã”, graceja.

“Acredito que o CIMAGO está no trilho certo, integrando atualmente o iCBR e o CIBB. Se durante algum tempo se temeu pela sua continuidade, acho que, neste momento, pelos números que temos mostrado, pelas pessoas, pelo trabalho que têm desenvolvido e pelas competências que têm demonstrado, não faz sentido que isso seja preocupação”, garante.






“Fazendo um balanço destes 11 anos… a mim, nunca me chega aquilo que faço. Acho sempre que podia ter feito mais. Mas tenho a noção de que trabalhei muito para e pelo CIMAGO, e de que fui muito, mas mesmo muito, apoiada pelos meus colegas nessa tarefa, a quem agradeço a cordialidade, a entrega e a vontade de concretizar”, conclui.

por Luísa Carvalho Carreira
fotografias gentilmente cedidas por Isabel Carreira