Trabalho avalia impacto de açúcares presentes em sumos de fruta e de açúcares adicionados na diabetes tipo 2
Sobre o estudo
O consumo crescente das chamadas dietas ocidentais, com quantidades elevadas de alimentos processados e refrigerantes, associa-se a um maior risco de obesidade, síndrome metabólica e diabetes tipo 2, com grande impacto na sociedade, quer do ponto de vista da saúde, quer do ponto de vista económico.
Os açúcares adicionados contribuem para o aumento da densidade energética dos alimentos, o que desequilibra o balanço energético e contribui para aumento do peso e da circunferência da cintura. A Organização Mundial de Saúde (WHO) definiu açúcares livres como sofrendo algum grau de modificação (o que inclui os presentes em sumos de fruta) e estabeleceu o limite do seu consumo em crianças e adultos como 5-10% do consumo energético diário.
No entanto, a definição de açúcares livres inclui aqueles naturalmente presentes nos alimentos, como os sumos naturais de fruta ou o mel, bem como os adicionados, não fazendo essa distinção. Além dos açúcares naturalmente presentes, os alimentos têm outros compostos na sua composição que, em muitos casos, regulam a digestão, absorção e captação celular dos açúcares, o que não se verifica no caso dos alimentos com açúcares adicionados. Estes açúcares estão mais expostos a reacções que os convertem em compostos tóxicos, alguns deles associados com as complicações da diabetes.
Resultados e impacto
Este trabalho teve como objectivo distinguir o papel dos açúcares naturalmente presentes em sumos de fruta dos adicionados na desregulação do stress oxidativo, glicação, metabolismo da glicose e balanço energético na diabetes tipo 2.
O primeiro objectivo específico foi determinar a glicémia pós-prandial imediatamente a ingestão de diferentes sumos de fruta e de soluções açucaradas com quantidade e perfil semelhante de açúcares. As soluções açucaradas causaram um maior aumento da glicémia e diminuíram a capacidade antioxidante total dos eritrócitos nesse período.
O segundo objectivo específico foi comparar o impacto do consumo crónico de sumos de fruta e de um volume equivalente de soluções açucaradas no perfil metabólico de ratos diabéticos. Ao contrário dos sumos, as soluções açucaradas aumentaram a glicémia, mas tiveram um impacto moderado nos marcadores de stress oxidativo e glicação, marcadores de lesão dos tecidos.
O terceiro objectivo específico foi determinar o efeito do consumo crónico e opcional/à discrição também das soluções açucaradas, sobre os mesmos mecanismos. Este consumo sem restrições levou a uma desregulação do balanço energético, com maior ingestão calórica que os sumos de fruta quando administrados também sem restrições. Verificou-se, ainda, um aumento do peso corporal e glicémia em jejum, bem como um aumento do stress oxidativo e glicação nos tecidos.
Este estudo demonstrou um impacto distinto dos açúcares naturalmente presentes e adicionados dos sumos de fruta na regulação do balanço energético, metabolismo da glicose e marcadores de lesão dos tecidos de um modelo animal de diabetes tipo 2.
Paulo Matafome
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