Editorial


Estamos em pleno Outono e o calor persiste em ficar, ao passo que a chuva, teimosamente, se mantém ausente. Há locais por esse mundo fora que carbonizam com temperaturas infernais e outros que se afogam com chuvadas diluviais. Estes dias azuis, com sol radioso e temperatura amena, são, sem dúvida, aprazíveis, mas ocorrem fora de tempo e do seu espaço. Baralham as culturas, confundem os agricultores, enganam as espécies que regulam os seus ciclos e programam as suas vidas de acordo com o clima que sempre conheceram. Não me vou debruçar, agora, sobre as causas que poderão estar na base desta mudança, mas não deixa de ser tentador atribuir alguma culpa à ação do Homem que, fruto das intervenções feitas ao longo dos últimos anos da história do planeta, tem deixado marcas e contribuído para alterar o espaço que nos serve de abrigo. É altura de todos tomarmos consciência do rumo que o planeta está a tomar e mudar a nossa postura, sob pena de virmos a ser acusados de, por egoísmo e em nome de interesses e conforto pessoal ou progresso geracional, destruirmos um espaço que é tão nosso hoje como daqueles que virão a seguir. Este planeta não nos pertence, por isso é obrigação dos que agora o usam para viver, tudo fazer para o deixar em condições para que as gerações vindouras também possam desfrutar dele.


Em sentido contrário às alterações climáticas, espera-se que a reeleição recente do Professor Carlos Robalo Cordeiro como Diretor da FMUC traga mudanças benéficas. Depois de um período de menor atividade, fruto das restrições impostas pela pandemia, que inviabilizaram a implementação das medidas previstas para o primeiro mandato, espera-se, agora, a retoma de alguma normalidade, com o novo mandato que se inicia. São muitas, e ambiciosas, as medidas inscritas no programa de ação 2021/2023, nas mais diversas dimensões, como ensino, investigação, parecerias institucionais ou prestação de serviços à comunidade. As iniciativas propostas neste programa de ação pretendem aumentar a atratividade, a produtividade científica e a qualidade do ensino na FMUC, sendo para tal essencial criar as condições para, entre outras, atrair e reter jovens investigadores, renovar o quadro docente, promover a internacionalização e aumentar a proximidade à sociedade. As constrições orçamentais e a falta de autonomia podem ser um entrave grande à concretização plena de algumas iniciativas, mas a vontade de servir a FMUC, com empenho, abnegação e muita motivação, juntamente com algumas oportunidades que teremos que aproveitar, poderão ajudar a acalentar o sonho de construir uma Instituição que seja uma referência na área da Saúde.


Nesta edição da Voice*MED, em “Do curso de Medicina”, conheça uma figura maior da nossa Escola e da Clínica portuguesa, o Professor Manuel Antunes, que mesmo após a jubilação continua determinado a fazer bater corações. E é de professores como Manuel Antunes que a FMUC precisa para formar os seus alunos. Em 4´33´´, vamos saber como os alunos da FMUC se preparam para a Prova Nacional de Acesso (PNA) e de que forma a FMUC tem contribuído para este momento tão importante na vida dos estudantes de Medicina. Em “Isto é FMUC”, damos a conhecer o Gabinete de Apoio Audiovisual e Informático, uma estrutura que foi essencial para dar uma resposta pronta e capaz, em termos de ensino à distância, em tempos de pandemia. Em “Fora da Medicina”, vamos até ao Teatrão, uma companhia profissional de teatro que traz irreverência e contemporaneidade à cidade de Coimbra. Em "Lucerna", Catarina Quintas, médica ortopedista, desvenda porque o Programa de Doutoramento em Ciências da Saúde, da FMUC, é o passo a dar quando se quer saber mais e contribuir para o avanço do conhecimento científico. Por fim, Teresa Andrade prescreve a receita para encontrar o paraíso na Terra.


Henrique Girão


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