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Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra

Estudo alerta para a importância da implementação
de cuidados paliativos

Sobre o estudo

Como base para a nossa análise utilizámos os dados de mortalidade e as projeções de mortalidade até 2060 fornecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Com estes dados aplicámos o método usado pela Comissão Lancet de Cuidados Paliativos e Controlo da Dor. Esta Comissão, constituída por peritos em cuidados paliativos de todo o mundo, definiu 20 grupos de doenças e estados de saúde que comprovadamente beneficiam de cuidados paliativos.  

Olhando para os números projetados de mortes causadas por estes 20 grupos de doenças e estados de saúde e tendo em conta a carga sintomática a eles associada (nomeadamente a prevalência de 11 sintomas físicos e 4 psicológicos mais comuns em fim de vida), conseguimos quantificar as necessidades de cuidados paliativos a nível mundial até ao ano de 2060. Fizemos isto para todo o mundo e em diferentes regiões (grupos de países com baixo, médio e alto rendimento). Projetámos também como este sofrimento será no futuro separadamente para mulheres e homens, e em seis grupos etários (0-4, 5-14, 15-29, 30-49, 50-69 e 70 e mais anos).

Resultados e impacto

O estudo concluiu que a carga mundial de sofrimento grave relacionado com saúde (que equivale ao número de pessoas que poderiam beneficiar de cuidados paliativos) irá quase duplicar até 2060 e que este aumento será impulsionado sobretudo pelo aumento de mortes por doenças oncológicas. Há alguns grupos onde a subida de sofrimento e consequentemente de necessidade de cuidados paliativos será especialmente notável, nomeadamente em países com baixo rendimento, entre idosos (70 anos ou mais) e em pessoas com demência.

Num mundo onde apenas 14% das pessoas com necessidade de cuidados paliativos têm acesso aos mesmos, e sabendo que em Portugal a percentagem é semelhante, a menos que tenhamos um alargamento nas equipas especializadas de cuidados paliativos e capacitemos todos os profissionais de saúde com competências básicas para poderem prestar ações paliativas, vamos ter muitas pessoas com sofrimento no fim de vida. Ou seja, com mais sintomas descontrolados, com menos dignidade, com a sua qualidade de vida e a das suas famílias diminuídas. Os resultados, publicados numa revista de referência mundial, primeira no ranking de saúde pública, ambiental e ocupacional (fator de impacto 18.705), instigam uma ação global concertada para integrar os cuidados paliativos em todos os sistemas de saúde.

Bárbara Gomes



Lancet Global Health
The escalating global burden of serious health-related suffering: projections to 2060 by world regions, age groups and health conditions

Fotografia de truthseeker08 @ Pixabay


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