Boker tov Professor!

Foi a 19 de março de 2017 que aterro em Telavive para o estágio de autoimunidade no Zabludowicz Center for Autoimmune Diseases com o Professor Yehuda Shoenfeld. 

O acolhimento na cidade mais progressista de Israel foi incrível. Durante os três meses e meio, vivi em casa de uma família judaica, não ortodoxa, que me mostrou as suas tradições e me tratou como parte integrante da mesma. Os Seharyek, para além de me mostrarem o seu país, comungaram comigo o orgulho de serem israelitas e a vergonha de muitas decisões políticas que culminaram em sangue de civis alheios.

Recebido todas as manhãs pelo Professor Yehuda no centro de estudos de doenças autoimunes, vivi rodeado de uma equipa que vive o presente lutando para um futuro clínica e cientificamente melhor. Aqui ciência e clínica viviam literalmente lado a lado, sem guerras ou fronteiras intransponíveis. Todos os dias, o meu trabalho começava por discutir o que tinha feito, visto ou lido... e por perguntas e desafios para construir projectos ou ideias, baseado na minha experiência. Para além disso, todas as semanas havia duas reuniões: uma clínica e uma científica. Em todas as reuniões científicas fui “convidado” a participar com apresentações. Para além disso, pude acompanhar diversos investigadores nas diversas atividades, visitei o centro de medicina translacional, estive em palestras de alunos de doutoramento que estavam fora do país a desenvolverem os seus projectos e até visitei escritórios de jornais científicos, tendo acompanhado o processo de escolha dos artigos a publicar.

Sem dúvida que o Professor Yehuda Shoenfeld foi o elemento pilar deste estágio. Com os seus 69 anos, director do Zabludowicz Center for Autoimmune Diseases, trabalhava todos os sete dias da semana. É sem dúvida um exemplo que trago para a vida, porque, para além da história que consigo traz e de toda a importância e reconhecimento científico que lhe é atribuído, é um homem que nos recebe com um abraço e um sorriso rasgado na cara, e nos parabeniza por todos os nossos feitos. Dele podemos sempre esperar uma palavra de incentivo para a nossa carreira e uma ajuda para sermos mais e melhores. Com ele, o trabalho de elevada exigência é reconhecido, fazendo-nos sentir anões às costas de gigantes.