O papel social do
Museu da Ciência da UC

Fora da Medicina

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O Museu da Ciência da Universidade de Coimbra (MCUC) abriu as portas ao público em dezembro de 2006. O tema da luz permitiu reunir numa mesma sala objetos oriundos das diversas coleções científicas da UC, de áreas como física, química, astronomia, zoologia, botânica, mineralogia. A exposição “Segredos da Luz e da Matéria” fala-nos da luz e da visão, da cor e dos pigmentos, do Sol e da luz solar, da interacção da luz com a matéria. Nela encontramos, em diálogo, borboletas de cores vivas, pássaros de plumagem exuberante, pigmentos minerais; uma radiografia de uma mão que é a primeira experiência com raios X em Portugal, realizada por Henrique Teixeira Bastos, apenas um mês após o anúncio da descoberta por Röntgen, a 5 de janeiro de 1896; alguns dos milhares de imagens do Sol recolhidas desde 1926 pelo espectroheliógrafo instalado no Observatório Astronómico da UC por Francisco Costa Lobo. Trata-se de uma pequena, mas valiosa, amostra do espólio científico que a Universidade de Coimbra tem à sua guarda.
Museu da Ciência
O MCUC é hoje um espaço de conhecimento e de partilha. As suas primeiras coleções datam da Reforma Pombalina; promovia-se a ciência experimental, convidava-se à observação direta dos fenómenos naturais, dava-se a conhecer a natureza de lugares longínquos, então inacessíveis ao comum dos mortais. No século XVIII, foram criados o Laboratorio Chimico e o Gabinete de Física, para o ensino da química e da física experimentais. Na Galeria de História Natural encontram-se hoje exemplares que resultaram das recolhas feitas em África, Goa e Brasil, durante as chamadas viagens philosophicas empreendidas no século XVIII pelo Império Português, sob o patrocínio da Coroa. Hoje, prestamos homenagem às gerações passadas, que nos legaram o seu património, certas de que o iríamos respeitar e preservar, do mesmo modo que esperamos que as gerações futuras cuidem e respeitem o nosso. O MCUC tem por missão a preservação, o estudo e a catalogação das colecções científicas e históricas da UC, sendo a referência principal nesta área dentro da instituição.

O MCUC dá também a conhecer a ciência que se faz na Universidade de Coimbra, bem como a ciência que se faz em todo o mundo. Iniciativas como a Noite Europeia dos Investigadores aproximam cientistas e cidadãos, lembrando que temos de ser solidários com as gerações futuras, vivendo de modo sustentável, cuidando do mundo que habitamos, de modo a entregá-lo em condições de habitabilidade aos nossos sucessores, e preservando o património – material, cultural, natural - para que chegue em bom estado às suas mãos.

Mas não basta falar de ciência à comunidade. É preciso que a comunidade civil converse com os cientistas e lhe mostre os seus problemas e as suas soluções. É neste sentido que o MC promove colóquios e debates que têm como principal objetivo fortalecer e desenvolver o diálogo entre a comunidade científica, a sociedade civil e as autoridades locais. São disso exemplo os debates Homem Cidade Ciência, nos quais representantes de cada uma estão presentes em cada sessão, trazendo para o debate os seus pontos de vista e as suas dificuldades específicas. Estes colóquios têm vindo a criar espaço para a discussão de diversos aspetos da vida contemporânea, sejam a implementação de políticas públicas, ou iniciativas da sociedade civil organizada, ou ainda formas de integração social, e permitem fortalecer a comunicação, a interação, a divulgação da ciência e suas aplicações.
A Comissão Organizadora dos EUGames 2018 é composta pela Universidade de Coimbra (UC), que coordena o evento (Mário Santos), pela Federação Académica de Desporto Universitário (FADU), pela Associação Académica de Coimbra (AAC) e pela Câmara Municipal de Coimbra (CMC), sob a égide da European Universities Sports Association (EUSA).

A um orçamento operacional autossustentável, de pouco mais de quatro milhões de euros, acresce um investimento similar por parte da UC na recuperação do Estádio Universitário (centro nevrálgico dos EUGames 2018). O legado material e imaterial dos EUGames 2018 irá perdurar no tempo e alterar de forma radical o Desporto Universitário em Coimbra. Prova disso são as inúmeras atividades paralelas pré, durante e pós-evento, a que se juntam a atualização do Estatuto do Atleta-Estudante e do Regulamento Interno do Estádio Universitário.
Museu da Ciência

Exposição "Bird-Watching: Visualizações Da Influência Da «Canção Do Exílio»", de Joshua Enslen (Foto: Joshua Enslen)


Fazendo parte de uma universidade com uma forte componente cultural, o MCUC promove também iniciativas que aproximam a ciência e a arte. São disso exemplo os eventos Matemática e Literatura, uma parceria entre o MCUC, a Sociedade Portuguesa de Matemática, o Centro Internacional de Matemática e o Festival Literário FOLIO, ao qual se associa ainda o Programa de Materialidades da Literatura da Faculdade de Letras da UC e que terá em 2018 a sua terceira edição. A exposição “Bird-Watching: Visualizações Da Influência Da «Canção Do Exílio»”, de Joshua Enslen, que partiu do poema de António Gonçalves Dias (1847) e de 500 novas versões do texto surgidas entre 1843 e 2016 em todo o mundo, e que no MCUC se fez acompanhar de música, fotografias e exemplares de história natural de diversos continentes, é o perfeito exemplo do papel do MCUC como local de partilha em espaço e em tempo, em anos e em quilómetros, em gerações e em continentes, em culturas e em ciências.



Carlota Simões
diretora do Museu da Ciência da Universidade de Coimbra


Fotografia por: Fernando Guerra