Estamos no Natal, tempo de partilha, por isso aproveito este desafio para partilhar um pouco de mim e do meu percurso.

Cedo descobri o que queria fazer quando fosse “grande”, queria fazer a diferença… a diferença em todos e em cada um, na sociedade, no mundo, em tudo o que pudesse. Descobri que sendo médica podia concretizar esse objetivo, cuidando das pessoas que precisam, contribuindo para o desenvolvimento de novos conhecimentos, ou simplesmente, estando e sendo presente, numa palavra, num sorriso. Esta ideia foi ganhando forma, não resultou apenas de um único momento que consiga identificar; pelo contrário, foi a soma de vários momentos e experiências e, mais do que isso, de várias pessoas, que moldaram a minha personalidade e me inspiraram e continuam a inspirar, como a minha família, amigos, professores, desconhecidos... Na verdade, ninguém na minha família é médico, mas várias pessoas fazem a diferença, todos os dias, de várias maneiras.

Para além desta premissa “fazer a diferença”, também descobri que tudo na vida podia ter outro ponto de vista, outra forma mais colorida de fazer ou sentir, e que os nossos sonhos seriam sempre maiores do que nós, por isso precisamos de acreditar (em nós) e não desistir deles, o que tem vindo a nortear a minha vida e as minhas escolhas.

Decidir a cidade para estudar foi fácil, estava escolhida desde sempre, Coimbra era para mim sinónimo de tradição, academia e saber. Foram anos de aprendizagens várias, crescimento pessoal e científico, onde fiz amigos e memórias para a vida. Ser estudante de Coimbra de facto não se explica, sente-se e permanece em nós.

Mais tarde, a escolha pela psiquiatria surgiu naturalmente como forma de poder continuar a fazer a diferença na vida de cada um, ter um novo olhar perante o sofrimento, seduzida pela perspetiva holística e integradora da pessoa como um todo.

E subindo cada uma destas montanhas, a vista lá de cima foi ficando cada vez mais deslumbrante, com novos desafios, novos saberes, momentos, partilhas, pessoas especiais com quem aprendemos e crescemos e chegamos ao topo diferentes do que partimos.

E como continuar a fazer a diferença?

Surgiu então um novo desafio, o Programa de Doutoramento em Ciências da Saúde da FMUC, mais uma oportunidade de crescimento que entendo até como um ato altruístico de nos darmos aos outros, em tempo, dedicação, produção de conhecimento para o bem comum, para além da realização pessoal. Esta nova montanha tem sido muito agradável de subir, tenho descoberto pessoas fantásticas, dedicadas, que vestem a camisola e têm o coração do lado certo. Tem sido uma partilha de amizade, de vários saberes interdisciplinares, que tanto nos enriquece, onde estamos pela ciência e porque acreditamos que podemos cuidar ainda melhor dos doentes conciliando a prática clínica e a investigação, e assim poderemos, sem dúvida, continuar a fazer a diferença.

Tenho em mim, que no cimo desta montanha, a vista será ainda mais desafiante e quando lá chegarmos seremos, com certeza, pessoas diferentes, para melhor.

Feliz Natal!

“Life is a continual process of arrival into who we are.” — Maria Popova