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Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra

Desenvolvida tecnologia
que permite avaliação da contaminação por vírus
em ambientes fechados

Sobre o estudo

A pandemia trouxe novos desafios no que diz respeito ao conhecimento dos modos de transmissão de vírus respiratórios, em particular de SARS-CoV-2. O artigo agora publicado resulta de uma parceria alargada entre um conjunto de Investigadores da Universidade de Coimbra, do Instituto de Microbiologia da Faculdade de Medicina, do Centro de Neurociências e Biologia Celular e do Departamento de Engenharia Mecânica, e ainda de investigadores do Instituto de Medicina Molecular da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. 

Neste trabalho foi investigada a contaminação domiciliária por SARS-CoV-2, em 4 espaços de habitação e 4 quartos de uma residência sénior, com indivíduos infetados, em isolamento e sintomatologia ligeira a moderada. 

A grande inovação desta investigação é a metodologia utilizada para deteção direta em amostras de ar (por utilização de filtros de ar e por deposição) de SARS-CoV-2 em partículas muito pequenas, os aerossóis. 

Detetámos vírus em amostras de múltiplas superfícies bem como em colheitas de ar. Algumas das amostras positivas foram encontradas em locais de amostragem acima da altura dos doentes, o que reforça a associação de SARS-CoV-2 a aerossóis.


Resultados e impacto

O desconhecimento sobre a COVID19 e formas de transmissão conduziu a muitas, e por vezes desconcertantes, mudanças nas medidas de prevenção da doença. A transmissão por aerossóis – partículas infeciosas que ficam em suspensão no ar – só foi aceite de forma consensual mais de um ano depois de ter sido decretada a pandemia. 

Neste trabalho demonstrámos que indivíduos infetados com SARS-CoV-2, em isolamento no seu domicílio ou em residências sénior, exalam partículas infeciosas, sob a forma de aerossóis, que podem permanecer suspensas durante longos períodos e em que é detetável o material genético do vírus. Mostrou-se porque é que, apesar de grande foco nas medidas de controlo de infeção nos cuidados de saúde, uma grande parte das transmissões tenham ocorrido em ambiente familiar ou em instituições residenciais, onde se verifica uma elevada da mortalidade pela COVID-19. Reforça a necessidade de adotar comportamentos de prevenção relativos à qualidade microbiológica do ar que respiramos nos espaços interiores. 

Para além disso, desenvolvemos uma tecnologia que poderá ser utilizada na avaliação da contaminação por vírus em ambientes fechados, de grande utilidade no apoio à tomada de decisão na prevenção de cadeias de transmissão.


Teresa Gonçalves 


Scientific Reports
SARS‑CoV‑2 air and surface contamination in residential settings


Fotografia de Fusion Medical Animation @ Unsplash


 

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