Demência pode incapacitar resposta apropriada do sistema imunitário a infeções
Sobre o estudo
Sobre o estudo
Estudos desenvolvidos em animais demonstaram que o cérebro reconhece a presença de uma infeção periférica (ex.: infeção respiratória) e ativa uma resposta neuroinflamatória que modifica o sistema imunitário e induz défices cognitivos agudos (delirium). A partir dessa evidência propusemos a “hipótese neuroinflamatória de delirium” que relaciona fenómenos neuroinflamatórios exagerados com a ocorrência de delirium.
Assim, este estudo teve como objetivo determinar se no cérebro de pessoas com demência (ex.: doença de Alzheimer) a reação neuroinflamatória em resposta a uma infeção periférica é mais ou menos intensa do que em pessoas sem demência.
Para isso foram recrutados 19 doentes internados com infeções periféricas agudas e que foram classificados de acordo com a sua função cognitiva (4 com delirium, 4 com demência, 4 com delirium e demência e 7 com função cognitiva normal). Os participantes foram avaliados com um exame de Medicina Nuclear (PET) que identifica as regiões do cérebro ativadas por fenómenos neuroinflamatórios.
Resultados e impacto
Ao contrário do esperado, os participantes com demência e/ou deilrium apresentaram uma resposta neuroinflamatória menos intensa do que os participantes cognitivamente saudáveis no plexo coróide.
Verificou-se que a intensidade da reação neuroinflamatória era menor em doentes com mais défices cognitivos. É possível que as lesões neuropatológicas e as alterações neuroinflamatórias crónicas associadas à demência induzam um ambiente imunossupressor que incapacita o sistema imunitário para responder apropriadamente a uma infeção sistémica.
Em futuros estudos será necessário clarificar se diferentes tipos de demência estão associados a perfis distintos de resposta neuroinflamatória às infeções periféricas.
Joaquim Cerejeira
Frontiers in Aging Neuroscience
In vivo molecular imaging of the neuroinflammatory response to peripheral acute bacterial infection in older patients with cognitive dysfunction: A cross-sectional controlled study
Fotografia de Alina Grubnyak @ Unsplash