Composto natural pode ajudar
a superar limitações
do tratamento convencional
do glioblastoma
Sobre o estudo
O glioblastoma (GB) é o tumor mais frequente e maligno do Sistema Nervoso Central. Apesar dos esforços para melhorar a qualidade de vida e a sobrevivência dos doentes, este tumor tem uma sobrevivência média de 15-18 meses após o diagnóstico, devido ao mau prognóstico e elevadas recidivas.
Atualmente, a abordagem terapêutica padrão para o GB consiste em cirurgia seguida de quimiorradioterapia e quimioterapia adjuvante (Temozolomida-TMZ). No entanto, estes tratamentos apresentam limitações devido à heterogeneidade deste tumor (a ressecção cirúrgica incompleta ou desenvolvimento de resistência múltipla a fármacos (MDR)).
Considerando estes problemas, temos vindo a avaliar várias moléculas de origem natural, sobretudo de plantas de África do Sul, e dos diterpenos que temos estudado, a ação da parviflorona D (ParvD) tem-se destacado.
Concretamente neste trabalho, o objetivo consistiu na investigação do potencial quimioterapêutico da ParvD num painel de modelos celulares representativos do GB. Esta molécula induziu paragem do ciclo celular e apoptose através da ativação da via intrínseca mitocondrial. Além disso, confirmou-se o elevado potencial antitumoral deste composto, mostrando uma ação significativamente superior ao fármaco utilizado na clínica (TMZ).
Resultados e impacto
Neste trabalho demonstrámos que o composto natural em estudo, Parviflorona D (ParvD), apresenta uma maior eficácia na inibição da progressão das células tumorais em comparação com a terapia convencional (Temozolomida-TMZ). As concentrações de ParvD necessárias para reduzir a viabilidade celular em 50% foram substancialmente inferiores às de TMZ (tratamento de primeira linha) necessárias para promover efeitos semelhantes.
Além disso, o tratamento com ParvD induziu a morte celular por apoptose, que foi sustentada por um aumento das populações celulares na fase sub G0/G1 e uma diminuição do potencial de membrana mitocondrial, bem como pela regulação positiva de genes pró-apoptóticos e supressores de tumor.
Portanto, a ParvD pode servir como um composto líder promissor para superar as limitações associadas ao tratamento convencional (por exemplo, resistência a múltiplas drogas associada à TMZ).
Desta forma, pretendemos continuar a aprofundar o estudo sobre o mecanismo ou mecanismo de ação desta molécula, e iremos iniciar em breve o seu encapsulamento e o desenvolvimento da formulação para uma entrega por via intranasal.
Célia Cabral
Frontiers in Pharmacology
Parvifloron D-based potential therapy for glioblastoma: Inducing apoptosis via the mitochondria dependent pathway
Fotografia de Artur Łuczka @ Unsplash