Sobre o estudo
O Síndrome de Brugada é a principal causa de morte súbita em adultos jovens com coração estruturalmente normal. Esta doença genética caracteriza-se por um defeito nos canais cardíacos de sódio, com consequentes distúrbios da atividade elétrica cardíaca e risco de arritmias potencialmente fatais.
Há vários medicamentos que devem ser evitados nestes doentes, pelo risco de agravarem os distúrbios elétricos e poderem facilitar a ocorrência de arritmias fatais.
Neste estudo avaliou-se numa coorte, ou grupo, de doentes com Síndrome de Brugada, de alto risco para morte súbita e por isso portadores de um cardioversor–desfibrilhador implantável (CDI) a ocorrência de arritmias potencialmente fatais traduzidas por terapias apropriadas do CDI, num seguimento de 5,8 ± 5,3 anos. O principal objetivo do estudo foi identificar possíveis desencadeantes de arritmias potencialmente fatais, procurando verificar se a utilização de medicamentos não recomendados se relacionava com a ocorrência de terapias apropriadas do CDI.
Resultados e impacto
Nesta coorte de alto risco para morte súbita, a ocorrência de terapias apropriadas do CDI foi de 4,0% por ano. Surpreendentemente, apesar da existência de um documento com a lista dos medicamentos a evitar no Síndrome de Brugada em www.brugadadrugs.org que é entregue aos doentes na altura da diagnóstico, 53,3% destes doentes de alto risco tomava ou tomou pelo menos um fármaco não recomendado após a implantação do CDI. Além disso, verificou-se uma associação entre a ocorrência de terapias apropriadas do CDI, e portanto de arritmias potencialmente fatais, e a utilização destes medicamentos não recomendados (como metoclopramida, tramadol, indapamida ou antidepressores).
Estes resultados salientam a necessidade de melhorar junto da comunidade médica e dos doentes com Síndrome de Brugada a divulgação dos fármacos a evitar nesta doença hereditária e dos riscos associados à sua utilização.
Natália António
Cardiovascular Drugs and Therapy
Unsafe Drug Use and Arrhythmic Events in Brugada Patients with ICD: Results of a Long-Term Follow-Up