PUBLICAÇÕES 
EM DESTAQUE

Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra

Investigação evidencia níveis de compaixão distintos entre alunos de Mestrados Integrados da área das Ciências da Saúde

Sobre o estudo

Em Cuidados de Saúde a compaixão tem papel essencial na relação entre o cuidador técnico e a pessoa quem sofre. A compaixão baseia-se em cinco elementos: reconhecimento do sofrimento do outro, compreensão da universalidade deste sofrimento, resposta emocional empática, tolerância de sentimentos difíceis e desconfortáveis e eventualmente implícitos (stress, raiva e medo) e motivação para agir, ajudando. No que se refere a médicos, o comportamento compassivo associa-se a maior satisfação com o trabalho

Nos alunos de Cursos relacionados com a Saúde, a compaixão pode ser inata, devendo ser mantida ou melhorada, ou não e, em tal caso, ser aprendida e desenvolvida, por treino clínico e experiências pessoais e pode ser avaliada.

Trabalhos finais do MIM (Mestrado Integrado em Medicina) na FMUC mostraram declínio da compaixão dos estudantes ao longo do MIM. A explicação das razões principais de tal declínio recolheu sugestões de implementação inclusiva de atividades extracurriculares e de modelos de aprendizagem, podendo ser tácticas para lidar com o stress e burnout, quais mecanismos de coping.

Assim surgiu a necessidade de avaliar como a compaixão dos estudantes dos Mestrados Integrados da área das Ciências da Saúde, de Escolas Públicas em Portugal (Medicina, Ciências Farmacêuticas e Medicina Dentária), se distribuía em função do Mestrado e da prática de atividades extracurriculares, nas Escolas Públicas em todo o Portugal Continental.


Resultados e impacto

A utilização da Escala de Jefferson de Empatia Médica, versão para alunos, permitiu verificar diferenças na distribuição dos níveis de compaixão entre os três tipos de Mestrado Integrado (MI), e entre os anos curriculares.

A maioria dos alunos de cada MI apresentou níveis de compaixão entre "Médio Baixo” a “Baixo”, revelando as Ciências Farmacêuticas a maior percentagem de estudantes com níveis mais baixos, seguido do MI em Medicina Dentária. Níveis de compaixão “Baixos” foram também mais prevalentes nos estudantes do 1º e do 5º ano curricular em MIMedicina bem como no sexo masculino. Não foi evidenciada relação entre a participação, o tipo e a frequência de atividades extracurriculares e os níveis de compaixão dos estudantes.

A realização de futuros trabalhos de análise dos motivos para as diferenças encontradas e de desenho de medidas para melhorar a compaixão, dimensão da Empatia, que pode ser ensinada e trabalhada, devem agora seguir-se.

Na área de Ensino da Medicina Geral e Familiar a importância da Compaixão na gestão das pessoas com multimorbilidade, envolvendo doença física, psicológica e, muitas vezes apenas situação social, é fulcral. 

É aspiração do Corpo Docente a criação de área de ensino mais precoce que apenas a Unidade Curricular no 5º Ano, aprendendo a pensar a pessoa como um todo quando tem problemas, a dolência e não apenas a doença que o médico pode diagnosticar, pois o contexto compassivo obriga à descoberta da causa e empoderamento do caso.


Luiz Santiago 


BMC Medical Education
Compassion and extracurricular activities of Portuguese Health Sciences students in Portugal


Fotografia de National Cancer Institute @ Unsplash


 

Voltar à newsletter #39