Editorial

A Voice*MED vai fazer uma pausa para férias. Depois de um ano exigente, mas muito preenchido e gratificante, é altura de parar um pouco, para retemperar forças. Ao longo das últimas 11 edições, a Voice*MED cumpriu, por inteiro, aquilo a que se propôs: dar voz à FMUC. E foi isso que aconteceu. Por aqui passaram, e deram o seu testemunho, alunos, professores, investigadores, técnicos e funcionários. Neste período, ficámos a conhecer melhor os excecionais, e únicos, recursos humanos que, diariamente, servem a FMUC com dedicação, empenho, abnegação, alegria e ... muita paixão. A todos eles a FMUC deve muito, deve tudo. 


Demos também a conhecer o que de tão notável e extraordinário se faz na FMUC ao nível da investigação, ensino, prestação de serviços, gestão, etc. Todos sabemos que as condições estão longe de ser as ideais, mas com a energia, o esforço e a entrega de cada um, temos conseguido vencer, com bravura e sucesso, as diversas batalhas com que nos vamos deparando. Engane-se quem achar que, com estas conquistas, estamos a caminho de ganhar alguma guerra. Não! A inquietude e insatisfação permanente da nossa Escola faz com que, por mais obstáculos que se vão ultrapassando, a satisfação total nunca seja atingida, pois queremos, depois, mais e melhor! Assim deve ser a atitude, postura e mentalidade de uma Escola que quer sempre mais para ser melhor, nomeadamente na sua missão de servir a sociedade. 


Foi exatamente isso que aconteceu no passado dia 9 de julho com o “Picnic com Saúde”, realizado no Polo 3. Apesar do calor nos ter tirado alguma da afluência que antecipávamos, não deixou de ser um momento em que se provou a força, a energia, a motivação, a vontade da FMUC em contribuir para uma sociedade melhor. Para o sucesso desta iniciativa contribuiu um número muito alargado de colaboradores, onde se incluem FFUC, ICNAS, NEM/NEMD, CNC, RUC, Faz de Conto e Phive. No entanto, não posso deixar de agradecer, de uma forma muito particular, ao Laboratório BASI, ao CHUC, à Escola de Hotelaria, ao Agrupamento de Escolas Martim de Freitas e, acima de tudo, aos estudantes de doutoramento do iCBR, que foram a alma deste evento. MUITO OBRIGADO a todos!


Um dos temas abordados numa das tertúlias do picnic foi precisamente a sustentabilidade do nosso Planeta. Não sei como há ainda gente que não consegue (ou não quer) perceber que é necessária e urgente uma mudança de atitude para salvar esta casa que nos tem servido de abrigo. Se nada for feito, corremos o risco de a deixarmos de conhecer e dela esperar a hospitalidade com que nos tem acolhido. Uma prova disso são as temperaturas tórridas que temos sentido nos últimos anos, comprometendo a sustentabilidade e viabilidade de ecossistemas que durante milhões de anos se habituaram e adaptaram a viver numa outra realidade. E como consequência destas temperaturas extremas, temos secas e incêndios que vão devastando, sem dó nem piedade, vida e vidas, queimando sonhos e secando ilusões, destruindo o futuro das próximas gerações. E aqui fica também uma palavra de reconhecimento e agradecimento a um grupo de seres humanos que são gigantes na sua generosidade e magnanimidade: os Bombeiros. São eles que de uma forma corajosa e valente vão tentando proteger e salvar aquilo que não é deles. São os Bombeiros que, dia e noite, em condições arriscadas e perigosas, põem os nossos interesses e os nossos bens acima da sua própria vida, tantas vezes sobrevivendo em circunstâncias de extremo cansaço e exaustão. Mas ainda assim, não viram a cara à luta, até á última das suas forças. Acredito que um Bombeiro que decide enfrentar, num cenário dantesco, uma frente de fogo devastadora e assustadora, está seguramente ali com a preocupação de salvar o que é de outros. A maioria de nós fica muito impressionada com aquilo que vê através da televisão, com labaredas enormes a engolir árvores, gado, casas, e quase que conseguimos sentir o calor das chamas e o cheiro a queimado. Mas tudo isto enquanto a notícia passa. Depois voltamos à nossa vida e buscamos o nosso descanso. No entanto, depois de passado o motivo de reportagem, e quando as câmaras se desligam e nós nos “desligamos” do fogo, há Bombeiros que por lá continuam a lutar para impedir o avanço das chamas e a dominar o monstro. E nós vamos embora, na esperança que no próximo “contato” com o fogo, este já esteja controlado. A catástrofe só não é maior porque temos Bombeiros altruístas, que se disponibilizam, por todos nós, a salvar o nosso mundo. OBRIGADO, Bombeiros!


Nesta edição da Voice*MED, em “Do curso de Medicina”, a Professora Jeni Canha revisita o baú das suas memórias e assusta-se com tudo aquilo que fez quando era criança, que hoje arrepiaria muitos pais e avós. Em 4´33´´, Pedro Machado, presidente do Turismo do Centro, conta-nos o enorme potencial que temos na Região Centro em termos turísticos, nomeadamente o turismo de saúde. Em “Isto é FMUC”, Elisa Campos descreve um projeto inovador, desenvolvido no iCBR, em estreita colaboração com oftalmologistas, para o tratamento do queratocone, que afeta a camada frontal externa do olho, causando diminuição da visão. Em “Fora da Medicina” o Agrupamento de Escolas Martim de Freitas dá-nos a conhecer as múltiplas atividades desenvolvidas para que a Escola não seja apenas um local aborrecido onde os alunos são “obrigados” a aprender aquilo que os professores, em sala de aula, ensinam. Em "Lucerna", Beatriz Martins, estudante do Programa de Doutoramento em Ciências da Saúde da FMUC, confessa como a mudança radical de planos, uma constante na sua vida, lhe tem trazido agradáveis e inesperadas surpresas. No final, Sónia Moreira prescreve algumas medidas que, recorrendo a lições do passado, nos podem ajudar a perceber o fenómeno pandémico, ao nível social e societal, que hoje vivemos. 


Henrique Girão


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