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Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra

Estudo desenvolve modelo genómico preditivo de colangiocarcinoma

Sobre o estudo

O colangiocarcinoma é um tumor maligno primário raro, com origem nas células epiteliais da árvore biliar, sendo geralmente classificado relativamente à sua localização como intra-hepático, quando surge no interior do fígado, ou extra-hepático, podendo estes ser distais, quando surgem nos ductos biliares extra-hepáticos, ou hilares, quando surgem na bifurcação dos ductos hepáticos.

Atualmente, não existe nenhum biomarcador na prática clínica destes tumores para auxiliar no diagnóstico, prognóstico e até, eventualmente, na seleção terapêutica, sendo, portanto, muito relevante identificar possíveis biomarcadores fiáveis que possam ajudar a uma gestão da doença mais eficaz, contribuindo para melhorar a sobrevivência e a qualidade de vida destes doentes.

Neste estudo, o objetivo foi caracterizar, do ponto de vista genómico, o colangiocarcinoma, isto é, identificar as regiões cromossómicas e genes mais frequentemente alterados nestes tumores e, simultaneamente, desenvolver um modelo genómico preditivo para distinguir o colangiocarcinoma intra do extra-hepático, verificando os efeitos ao nível da sobrevivência.

Foi feita a análise de todo o genoma recorrendo a uma técnica de larga-escala (array comparative genomic hybridisation) de 23 amostras de colangiocarcinoma e, com base nos resultados, desenvolvemos um modelo preditivo para discriminar as amostras dos doentes tendo em conta a localização anatómica dos tumores – intra ou extra-hepáticos.

Este trabalho envolveu uma equipa multidisciplinar de diferentes serviços clínicos e laboratórios.


Resultados e impacto

Os resultados deste estudo permitiram identificar um conjunto de regiões cromossómicas e genes frequentemente alterados no colangiocarcinoma intra e extra-hepático, bem como identificar alterações cromossómicas específicas de cada um dos dois subtipos de tumor. 

Assim, foi possível desenvolver um modelo preditivo com base no padrão de alteração destas regiões cromossómicas, que permitiu distinguir com mais de 71 % de precisão o tipo anatómico de colangiocarcinoma - intra ou extra-hepático. 

Verificámos também diferenças ao nível da sobrevivência. No nosso estudo, os doentes com colangiocarcinoma extra-hepático sobreviveram menos cerca de 8 meses comparativamente aos doentes com colangiocarcinoma intra-hepático. Verificámos ainda que os doentes com deleção numa região específica do cromossoma 6 (6p25.3) sobrevivem menos que os doentes cujos tumores não apresentam esta região cromossómica alterada.

Embora seja ainda necessário utilizar um grupo amostral maior para reforçar a utilidade deste modelo, os resultados publicados neste artigo demonstram que a nível molecular estes dois subtipos de colangiocarcinoma apresentam várias diferenças, o que nos permite antecipar a utilidade destes potenciais biomarcadores em contexto clínico, abrindo portas para possíveis alvos terapêuticos e biomarcadores de diagnóstico e prognóstico.


Isabel Marques Carreira


Journal of Clinical Pathology
Development of a genomic predictive model for cholangiocarcinoma using copy number alteration data

Fotografia de zachvanstone8 @ Pixabay

 

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