Isto é FMUC
O Instituto de Farmacologia e Terapêutica Experimental da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC) é constituído pelas vertentes de ensino, investigação e serviço à comunidade. Professor catedrático da FMUC, Carlos Fontes Ribeiro é também o diretor desta estrutura orgânica da Escola há cerca de 10 anos.
As valências do instituto
Localizado no terceiro piso da Subunidade 1 do Polo III da FMUC, o Instituto de Farmacologia e Terapêutica Experimental desenvolve uma vasta atividade nos domínios do ensino e da investigação, tendo ainda uma componente de serviço à comunidade.
“O instituto está envolvido no ensino de diversas disciplinas na FMUC, como é o caso das Unidades Curriculares de Farmacologia I e Farmacologia II, da Unidade Integrada de Patologia e Terapêutica Médica, da Unidade Curricular de Farmacologia e Toxicologia e da Unidade Curricular de Prescrição do Exercício Físico”, esclarece Carlos Fontes Ribeiro. Além disso, o instituto tem ainda parcerias de âmbito pedagógico com a Faculdade de Farmácia (FFUC) e a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC).
“Quanto à investigação, tenho procurado que as pessoas façam aquilo de que gostam, e por isso temos diversas linhas de investigação, todas com financiamento, com cinco investigadores a desenvolverem trabalho no instituto a tempo inteiro”, faz saber Carlos Fontes Ribeiro.
A área de investigação major do Instituto de Farmacologia e Terapêutica Experimental são as Neurociências, nomeadamente no que diz respeito a “drogas de abuso, barreira hematoencefálica, neuroinflamação e neurogénese”, desenvolvendo, igualmente, investigação na área do cancro e respetiva resistência a fármacos e, mais recentemente, também na área da microbiota.
O serviço à comunidade consubstancia-se na colaboração do instituto em iniciativas que visam divulgar e promover o envolvimento da sociedade com assuntos relacionados com a ciência e a saúde. “Foi, por exemplo, o que aconteceu no passado mês de março, na Semana Internacional do Cérebro 2022, em que tivemos a participação de vários investigadores do nosso instituto”, refere o seu diretor.
Os recursos humanos na investigação e na docência
Carlos Fontes Ribeiro explica que cada grupo de investigação do Instituto de Farmacologia e Terapêutica Experimental tem entre cinco e dez investigadores. “O João Malva, investigador coordenador, tem colaborado connosco em diversos projetos de investigação, e espero que, num futuro próximo, essa participação possa ser ainda maior e mais profícua”, afirma o diretor do instituto.
“Temos também mais quatro investigadores principais, fazendo o conjunto de cinco investigadores a tempo inteiro que há pouco mencionei: a Ana Paula Silva, a Célia Gomes, o Flávio Reis e a Rosa Fernandes, que têm, cada um deles, o seu grupo de investigação”, refere.
“Infelizmente, a maior parte destes investigadores desenvolve o seu trabalho através de bolsas… Depois, temos também muitas pessoas envolvidas em rotações laboratoriais, e temos também investigadores, como é o caso da Sofia Viana, que, sendo investigadora da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra, está aqui connosco na FMUC praticamente a tempo inteiro também”, acrescenta.
Relativamente ao ensino, Carlos Fontes Ribeiro indica que o grupo de docentes é mais restrito: “de Farmacologia, somos seis docentes, com três docentes a tempo inteiro, e de Terapêutica seremos cinco, com apenas um docente a tempo inteiro, perfazendo um total de 11 docentes”.
O espaço físico do instituto
Conforme indicado anteriormente, o Instituto de Farmacologia e Terapêutica Experimental tem as suas instalações no terceiro piso da Subunidade 1 do Polo III da FMUC. “Na verdade, o espaço tem vindo a encolher”, observa Carlos Fontes Ribeiro, “dado que, anteriormente, o nosso instituto ocupava todo o terceiro piso da Subunidade 1 e parte do iCBR-FMUC [Instituto de Investigação Clínica e Biomédica de Coimbra], mas, por protocolo com o AIBILI [Associação para Investigação Biomédica em Luz e Imagem], na altura em que a Professora Tice Macedo era ainda a diretora do Instituto de Farmacologia e Terapêutica Experimental, esse espaço foi cedido para estudos de Bioequivalência e outros de fase I, associados ao AIBILI”.
Nesse sentido, e considerando que, por protocolo com a FMUC, o maior laboratório do Instituto de Farmacologia e Terapêutica Experimental, no iCBR, foi cedido às Neurociências, esta estrutura orgânica da FMUC passou a ter o seu espaço apenas na Subunidade 1. “Nessa subunidade, e por questões estratégicas da Escola, existe um gabinete destinado à investigação resultante de protocolos com o exterior. Deste modo, temos, neste momento, seis laboratórios de investigação, cinco salas de aulas e um biotério para animais que estão em experimentação, com a coordenação da própria FMUC, bem como diversos gabinetes dos investigadores”, explica Carlos Fontes Ribeiro.
Um instituto com história
O Instituto de Farmacologia e Terapêutica Experimental conta com mais de 60 anos de existência, uma vez que terá sido criado aquando da inauguração do atual edifício da FMUC no Polo I.
“Nessa formação das instalações da FMUC, a Farmacologia não tinha este nome. Tinha um nome que, na realidade, ainda se utiliza em algumas universidades inglesas: Matéria Médica”, conta Carlos Fontes Ribeiro. “Mas, a curto prazo, passou a designar-se por Instituto de Farmacologia e, um pouco mais tarde, acrescentou-se a designação de Terapêutica Experimental”, indica. “Aliás, desde que me lembro, e já estou neste instituto há 47 anos, sempre o conheci pelo seu nome atual”, complementa Carlos Fontes Ribeiro.
A coordenação do instituto e o vasto percurso na FMUC
“Sou docente da FMUC há 47 anos. Comecei por ser Monitor, quando frequentava o quarto ano do curso de Medicina, e sou diretor do Instituto de Farmacologia e Terapêutica Experimental há sensivelmente 10 anos, quando a Professora Tice Macedo se jubilou”, esclarece.
Carlos Fontes Ribeiro faz um balanço positivo do seu percurso na FMUC, nomeadamente na coordenação do instituto, embora refira que há, naturalmente, desafios mais difíceis de ultrapassar no exercício das suas funções, embora sejam todos de índole mais prática.
“No que diz respeito à coordenação do Instituto de Farmacologia e Terapêutica Experimental, devo dizer que coordenar pessoas, neste instituto, não é difícil, já que, como dizia, cada investigador tem o seu grupo de investigação e desenvolve o seu trabalho de forma independente. O mesmo acontece com os docentes: cada um tem as suas responsabilidades bem definidas”, observa.
“O mais difícil, e que é um problema da função pública em geral, é encetar um diálogo mais eficaz com a Escola em termos de logística e de equipamentos”, lamenta. “Dando um exemplo concreto, tivemos um problema com um separador que deveria isolar duas salas, mas que não ficou bem instalado. Foram dois anos para consertar esse problema… é demasiado tempo”, indica.
“Diria que a maior dificuldade na coordenação do instituto é só mesmo essa, esta falha no diálogo, especialmente no que diz respeito ao conserto de instalações e de equipamentos, como computadores que demoram uma eternidade a serem arranjados”, comenta Carlos Fontes Ribeiro.
“Além disso, como este Polo III foi construído por módulos e estamos no último piso do edifício, por vezes temos problemas, quando chove muito, com a entrada de água nas instalações, que vem da parte superior do edifício onde nos encontramos ou da junção com os edifícios que foram sendo construídos. É um problema que tanto nós quanto a FMUC temos tentado solucionar, mas há esta questão dos tempos na função pública que são impossíveis de acelerar ou ultrapassar. Até que os problemas sejam solucionados, passa-se uma eternidade”, acrescenta o diretor do instituto.
Apesar de algumas dificuldades, Carlos Fontes Ribeiro garante que, considerando todo o seu percurso na FMUC, “o somatório final desse caminho é, obviamente, bom”, referindo que se trata, no seu entender, de um percurso acidentado. “Digo isso porque entrei na especialidade de Neurologia, mas, depois, por uma questão familiar, desisti dessa especialidade e ingressei na de Medicina Geral e Familiar, na qual exerci funções durante cerca de três anos e meio”, conta.
“Entretanto, fiz o doutoramento e, por exame, voltei a entrar para a especialidade de Neurologia. Fiz o internato e, depois, tive de escolher entre a carreira académica e a carreira médica, dado que, à época, em 1987, estas eram incompatíveis, ou seja, não podia conciliar as duas”, indica.
“Ainda hoje me questiono se fiz bem ou se fiz mal”, assume, “mas o facto é que escolhi a carreira académica”. Carlos Fontes Ribeiro indica que ainda ficou como voluntário no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) por vários anos, enquanto fazia o seu percurso natural na FMUC. “Primeiro, e por imposição do Conselho Científico, fui professor de Fisiologia, depois de Farmacologia de Medicina Dentária e, posteriormente, de várias outras cadeiras de Farmacologia do curso de Medicina”, refere.
Aquando da jubilação de Tice Macedo, anterior diretora do Instituto de Farmacologia e Terapêutica Experimental e regente de Farmacologia, Carlos Fontes Ribeiro passou a assumir essas funções. “Fundei ainda uma Unidade Curricular que considero muito importante, quando estive envolvido na fundação da Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade de Coimbra, e na qual ainda hoje dou aulas, que é a Prescrição de Exercício Físico, uma cadeira muito vocacionada para a fisiologia do exercício e respetiva prescrição”, indica.
Como pontos positivos do seu balanço enquanto docente da FMUC e diretor do Instituto de Farmacologia e Terapêutica Experimental, Carlos Fontes Ribeiro destaca a competência e o profissionalismo de todos os investigadores. “Muito felizmente, falo de ótimos investigadores, com grandes capacidades, nomeadamente uma enorme capacidade de publicação. São investigadores que desenvolvem muito bem o seu trabalho, e que têm reconhecido mérito nacional e internacional nas suas áreas de investigação”, enfatiza.
“A parte do ensino é também muito importante. Aliás, estamos numa Faculdade de Medicina para ensinar, sobretudo”, salienta. “Nesse sentido, as avaliações dos alunos têm sido excelentes, o que só demonstra que temos belíssimos docentes, a par de belíssimos investigadores”, conclui.