Editorial

Este mês ficou marcado pela triste notícia que nenhum de nós alguma vez antecipou ouvir, mesmo os mais pessimistas... A grande Briosa, agora AAC-OAF, desceu à vergonhosa terceira liga. No contexto futebolístico, a AAC é um clube histórico, amado por muitos, mas respeitado e admirado por todos, por aquilo que representa em termos políticos, culturais e sociais, para além da vertente desportiva. Neste pequeno texto, e para lá das diversas denominações e enquadramentos ao longo dos tempos, considero o clube AAC como aquele que representa uma região, uma cidade, uma Instituição de estudantes em luta permanente por uma sociedade melhor e mais justa. Desta vez, foi “apenas” o futebol que caiu, para uma divisão que não honra os pergaminhos de um Clube tão grande. Mas a AAC, como símbolo da luta pela democracia e liberdade, permanece, e permanecerá sempre, no topo. A AAC não é só futebol. Orgulhosamente, a AAC é, como nenhuma outra em Portugal e como poucas no mundo, uma associação estudantil que congrega 26 secções desportivas, promovendo e dinamizando mais de 40 modalidades. Infelizmente para a cidade de Coimbra (mais do que para a AAC), para além do futebol, para as modalidades coletivas mais populares, o panorama também não é animador. De facto, com exceção do rugby, outras modalidades como o voleibol, o futsal, o basquetebol, o hóquei em patins, andebol, vagueiam por modestos últimos lugares, em alguns casos em ligas muito inferiores. Isto não é uma coincidência, nem falta de sorte, nem uma má conjuntura astral. É apenas e só o reflexo do progresso (ou falta dele) que a cidade testemunhou nos últimos anos (ou décadas). Já não conseguimos ser a primeira cidade, depois de Lisboa e Porto, já nos tiraram o título de “Cidade do Conhecimento”, já não somos a cidade onde se vai para consultar um médico, já não temos capacidade para atrair investimento e fixar indústria para chamar estudantes que querem tirar um curso universitário, de reter quadros altamente diferenciados e qualificados. Porque o simples passar do tempo faz com que os anos se vão acumulando, temos uma Universidade com 732 anos (condição que manteremos sempre como a Universidade mais antiga do país), vivemos na sombra de tempos gloriosos, continuando a achar que ocupamos um lugar que há muito não nos pertence, agimos como se ainda fossemos detentores de um estatuto que distraída e negligentemente deixámos fugir para outros que, entretanto, e muito bem, fizeram pela vida. Como a “nossa” Académica, todos desejamos que, após bater estrondosamente no fundo, nos possamos reerguer, clube e cidade, mais fortes. Não é este o clube e a cidade que queremos deixar às próximas gerações. Temos, TODOS JUNTOS, rapidamente, que fazer algo para inverter esta situação e (re)construir um clube e uma cidade que encha de orgulho os amantes de Coimbra (que são muitos). Está nas mãos de cada um de nós!


Desculpem o tempo que vos fiz perder a ler este texto, mas como um dos (muitos) amantes de Coimbra e da Académica, custa-me muito viver este momento...

Que nos sirva de inspiração e motivação o sucesso da “nossa” Catarina Costa que, através das suas conquistas no judo, vai levando bem alto o nome da FMUC, da Universidade e da cidade de Coimbra.


Voltemos à nossa Voice*MED e ao seu conteúdo para este mês. Uma estrutura que, na minha opinião, se pode tornar chave na “recuperação” do lugar cimeiro que Coimbra se habituou a ocupar na saúde, é o Centro Académico Clínico de Coimbra (CACC). Para nos falar da sua importância e impacto para a cidade e região, convidámos, para a rubrica 4´33´´, o Presidente do Conselho Estratégico, Embaixador Luís de Almeida Sampaio, um homem do Norte que ama Coimbra e a quem muito devemos pela integração na M8 Alliance. Em “Do curso de Medicina”, José Júlio de Moura conta-nos algumas peripécias da sua vida académica e clínica e como esteve perto de enveredar por uma carreira na Marinha. O Instituto de Farmacologia e Terapêutica Experimental abriu-nos as suas portas para que em “Isto é FMUC”, através de uma visita guiada pelo seu Diretor, Carlos Fontes Ribeiro, possamos desvendar o segredo para o longo sucesso da articulação entre docência e investigação. Em "Lucerna", Rui Pedro Carvalheira, estudante do MIM, conta-nos como a busca incessante por novo conhecimento, através da participação em atividades de investigação, o atrai na Medicina. Em “Fora da Medicina”, temos a honra de dar a conhecer a Secção de Jornalismo da AAC, responsável pelas famosas publicações “A Cabra”, “Via Latina” e, mais recentemente, “Este Jornal não me é Estranho”, que pretende manter viva a memória da AAC e de Coimbra. Por fim, Rosa Fernandes prescreve-nos um álbum onde se mostra que é possível dar, com sucesso, uma nova vaga a grandes temas do passado.

Boas leituras!


Henrique Girão


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