Investigação reforça potencial terapêutico do plasma frio
Sobre o estudo
O plasma é um dos estados físicos da matéria, semelhante ao gás, mas com ionização de algumas das partículas que o constituem. São bem conhecidos os plasmas que observamos num relâmpago durante uma tempestade ou nas auroras boreais. Entre os vários tipos de plasma, o plasma frio tem-se demonstrado interessante para diversas aplicações biomédicas, como é o caso da desinfeção de superfícies.
Recentemente, verificou-se que o plasma frio parece ter potencial para ser usado como tratamento do cancro. De facto, alguns estudos in vitro demostraram que o plasma frio é capaz de diminuir a viabilidade de células tumorais humanas, enquanto as contrapartes fenotipicamente normais são menos afetadas. Este potencial de seletividade torna o plasma frio particularmente interessante. Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar o efeito do plasma em linhas celulares de cancro da mama.
Resultados e impacto
O cancro da mama é o segundo cancro mais comum e o mais incidente em mulheres. Representa um grupo heterogéneo de doenças que se estratifica histologicamente pela presença ou ausência de recetores hormonais e HER-2. Este é um dos primeiros trabalhos que estudou o efeito do plasma frio em cancro da mama. A investigação focou-se em dois tipos de cancro da mama, o que expressa recetores hormonais e o que não tem expressão destes recetores, habitualmente designado por triplo negativo.
Após uma curta exposição das linhas celulares ao plasma frio, observou-se morte celular e alteração da distribuição no ciclo celular. Adicionalmente, verificou-se que ocorrem alterações no equilíbrio de espécies reativas de oxigénio e defesas antioxidantes celulares que parecem estar na base da perda de viabilidade observada.
Assim, esta pesquisa in vitro reforça o potencial terapêutico do plasma frio e contribuiu para elucidar os possíveis mecanismos de ação em linhas celulares de cancro da mama. Este trabalho incentiva a continuidade da investigação do plasma frio, que tem o potencial de oferecer uma terapêutica local e sem efeitos secundários.
Mafalda Laranjo
International Journal of Molecular Sciences
Cold Atmospheric Plasma Apoptotic and Oxidative Effects on MCF7 and HCC1806 Human Breast Cancer Cells
Fotografia de National Cancer Institute @ Unsplash