Instituto de Clínica Integrada

Isto é FMUC

Localizado na Área de Medicina Dentária (AMD) da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC), no Bloco de Celas, o Instituto de Clínica Integrada foi criado há cerca de nove anos, por forma a congregar as várias valências clínicas do 5º ano curricular do Mestrado Integrado em Medicina Dentária (MIMD). Mas a extensa atividade deste instituto não fica por aqui. Na direção desde a sua formação, Eunice Carrilho destaca a qualidade dos recursos humanos e da produção científica desta estrutura orgânica da Escola.


A identidade visual e a as atividades do instituto

Quando o Instituto de Clínica Integrada foi criado, sentiu-se a necessidade, conforme explica a sua diretora, de criar um logótipo que facilmente identificasse esta estrutura. “Queríamos uma imagem que nos distinguisse: essa imagem foi criada e posta à discussão dos colegas e, a partir daí, iniciámos o nosso trabalho”, começa por referir.

Este instituto desenvolve uma extensa atividade nas áreas do ensino, da investigação e do serviço à comunidade. Como seria de esperar, dado o enquadramento do próprio instituto, a prática clínica em contexto pedagógico assume especial destaque, e destina-se, nomeadamente, aos estudantes do 5º ano do MIMD. “É uma prática muito importante, uma vez que falamos de um alicerce fundamental na formação clínica destes alunos que, terminado o Curso, exercerão a sua prática clínica sem supervisão”, explica Eunice Carrilho.

No que diz respeito à investigação, a diretora do instituto enfatiza todo o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido com os estudantes, quer da investigação conducente ao desenvolvimento das suas monografias, quer igualmente fora desse contexto, quando são os próprios a solicitar a sua participação em trabalhos de investigação em curso. “Tem sido uma experiência muito boa, que está plasmada nas nossas publicações, nas quais, frequentemente, participam diversos alunos”, observa. Já no âmbito do serviço à comunidade, Eunice Carrilho salienta “uma prática muito alargada na área da Dentisteria Operatória”, afeta a este instituto.


A Dentisteria Operatória e a adaptação ao contexto pandémico
Aquando da criação do Instituto de Clínica Integrada, foi incluída neste a já existente pós-graduação em Dentisteria Operatória e Estética. “Quando se criou o instituto, integrámos esta pós-graduação, que vai já na nona edição e que tem uma forte componente clínica, mas também científica”, esclarece Eunice Carrilho.

“Esta pós-graduação tem tido a participação de diversos alunos internacionais”, refere. “Nos últimos anos, temos aberto seis vagas, sendo que, por norma, duas delas são ocupadas por alunos estrangeiros. Isto é muito importante para a FMUC, e é algo que está inclusivamente alinhado com um dos objetivos da própria Reitoria da Universidade de Coimbra [UC], que tem tido uma ação muito importante no desenvolvimento das relações com outros países. Projetamos, deste modo, o nome e a imagem da UC e também desta sua faculdade: a FMUC”, complementa.

O Instituto de Clínica Integrada colabora ainda com a pós-graduação em Endodontia e também com a pós-graduação em Ortodontia. “No que respeita a esta pós-graduação em Ortodontia, demos um passo muito importante e inovador na AMD, que foi a criação um study club, que decorre à hora do almoço às segundas-feiras e que tem como objetivo a apresentação e discussão de trabalhos de investigação, de comunicações e de pósteres para congressos ou reuniões científicas. É uma iniciativa que foi interrompida quando começou a pandemia, mas que será agora retomada”, afirma.

No que concerne à atual pandemia, Eunice Carrilho faz saber que a atividade da AMD, nomeadamente a do Instituto de Clínica Integrada e mais precisamente a prática clínica desenvolvida no âmbito do 5º ano do MIMD, apenas foi interrompida no período em que tal foi mandatório. “Mas nunca interrompemos os trabalhos de investigação, por exemplo, no âmbito da Medicina Dentária Baseada na Evidência, porque foi possível continuar a fazê-los num registo online, assim como o foi a lecionação das aulas teóricas”, observa.

“A comissão de coordenação da AMD, nomeadamente o seu coordenador, o Professor Francisco do Vale, dotou o espaço clínico das infraestruturas e dos elementos necessários para iniciarmos as aulas em setembro de 2020. Foram colocadas divisórias e fornecidos gratuitamente os equipamentos de proteção individual aos alunos que a partir dessa data não tornaram a interromper, de uma forma geral, a sua atividade”, afirma. “Por isso, posso dizer que fomos afetados pela pandemia, claro, nomeadamente com ausências de alguns doentes que faltaram às consultas por receio, mas, no final de contas, tudo teve o seu rumo regular e é com grande satisfação que agora podemos fazer, à distância, essa avaliação positiva”, assegura.


A formação contínua e a sua importância para a Escola
A diretora do Instituto de Clínica Integrada refere que, ainda antes do início do período pandémico, foi criado um curso de formação contínua, constituído por diversos módulos. “Começámos com módulos clínicos, de cariz mais prático. Neste momento, está a decorrer a segunda edição do curso, que começou com um módulo de Investigação em Medicina Dentária”, conta, “e tem sido um curso muito participado e muito bem avaliado também, com vantagens para a divulgação da FMUC e realmente gratificante para nós”.

A coordenação deste curso ficou surpreendida com a diversidade dos alunos inscritos. “Tivemos inscrições de alunos dos ensinos pré-graduado e pós-graduado, algo com que já estávamos a contar, mas tivemos também inscrições de professores de outras faculdades, nomeadamente de professores catedráticos. Fomos muito bem avaliados e recebemos muitos elogios pelo curso”, enfatiza.


A participação no programa de doutoramento e a criação de um novo mestrado
Eunice Carrilho destaca o empenho com que o grupo de Dentisteria Operatória tem dinamizado o Instituto de Clínica Integrada. “Criámos, recentemente, um curso opcional do Programa de Doutoramento da FMUC, o que para nós é um grande desafio”, indica. “A divulgação deste curso, que vai decorrer em maio, será feita em breve. É um curso muito importante para nós, porque conseguimos a adesão de vários formadores internacionais de reconhecido mérito, vindos de prestigiadas universidades da Europa e dos Estados Unidos da América [E.U.A.]”, destaca.

“Temos ainda outro projeto novo, que esperamos que, em breve, se concretize e que, para já, está muito bem encaminhado e na A3ES [Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior]: um mestrado em Novas Tecnologias para a Transição Digital em Medicina Dentária”, menciona, “que terá implicações muito vantajosas para a FMUC; por isso, esperamos ter boas notícias num futuro próximo”.


O Laboratório de Ciências Baseadas na Evidência
A diretora do Instituto de Clínica Integrada refere também que, neste momento, está a ser implementado um Laboratório de Ciências Baseadas na Evidência em Medicina de Alta Precisão. “É um projeto que faz parte do nosso instituto, que já estava pensado há alguns anos e que surge da nossa grande atividade nesta área”, explica.

O instituto conta já com várias publicações científicas neste domínio, bem como com diversas parcerias, com as quais decidiu criar este laboratório. “Colaboram connosco vários colegas estrangeiros. É uma grande alegria para nós podermos contar com a colaboração do pioneiro, nos E.U.A., da Medicina Dentária Baseada na Evidência, o Professor Michael Newman”, salienta.


A importância das parcerias e a extensa produção científica
Envolvidas em todos os cursos referidos anteriormente estão várias universidades estrangeiras, com as quais o Instituto de Clínica Integrada tem desenvolvido parcerias. “A parceria mais recente foi estabelecida com a Universidade de Nápoles, mas temos também parcerias com a Universidade Luterana do Brasil, com a Universidade Federal de Uberlândia e com a Universidade de São Paulo, através das quais fomentamos, não apenas a atividade letiva, mas também a de investigação”, refere.

A par da importância do estabelecimento de parcerias profícuas com outras instituições de ensino, Eunice Carrilho destaca também a extensa produção científica do instituto. “Produzimos muito e temos publicado em revistas da WOS [Web of Science] de quartis elevados. Posso dizer que, no que respeita à Medicina Dentária de âmbito nacional, estamos na linha da frente, com a nossa investigação a decorrer em várias vertentes, desde a investigação clínica às investigações in vivo e in vitro”, assegura.

A diretora do Instituto de Clínica Integrada refere que muita dessa investigação tem recorrido a modelos animais e celulares e é desenvolvida no Instituto de Biofísica da FMUC, dirigido por Filomena Botelho. Outros trabalhos têm sido desenvolvidos em colaboração com a Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC, nomeadamente com o Departamento de Engenharia Mecânica e com o grupo de investigação liderado por Amílcar Ramalho, bem como com a Universidade de Aveiro, através da colaboração com o Departamento de Engenharia de Materiais e com José Maria Ferreira.


O balanço positivo e a esperança no futuro
O balanço dos quase nove anos na direção do Instituto de Clínica Integrada é, para Eunice Carrilho, essencialmente positivo, considerando que tem sido possível desenvolver todas as atividades a que este instituto se propõe com sucesso. “Em termos de investigação científica, temos a possibilidade de trabalhar no iCBR-FMUC [Instituto de Investigação Clínica e Biomédica de Coimbra] onde somos membros integrados. Portanto, não sentimos falhas a esse nível e só tenho a agradecer ao iCBR e ao seu atual diretor, o Doutor Henrique Girão, por todo o trabalho que nos têm permitido desenvolver e o incentivo que nos tem dispensado”, declara.

A diretora do Instituto de Clínica Integrada assume, no entanto, que a gestão do espaço no que diz respeito ao ensino tem sido um desafio, causado essencialmente pelo facto de toda a AMD ocupar um edifício relativamente pequeno e antigo. “Os nossos problemas são essencialmente ao nível do espaço e, pontualmente, falhas em alguns equipamentos na área do ensino pré-graduado. Precisamos também de melhorar as condições de climatização deste espaço, mas estou esperançada de que, em breve, conseguiremos fazê-lo”, indica.

Eunice Carrilho observa que tem havido “um esforço muito grande e sinérgico” por parte do Coordenador da AMD, do Diretor da FMUC e do Presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), bem como do Serviço de Estomatologia e com a Reitoria da UC. “Acho que todas estas entidades nos têm apoiado bastante atualmente, considerando muito o ensino da Medicina Dentária em Coimbra, e demonstrando todo o interesse em que sejamos bem-sucedidos”, garante.

Assim, a diretora do Instituto de Clínica Integrada considera que todas as dificuldades têm sido quase sempre superadas, daí considerar que a experiência tem sido, na globalidade, gratificante. “As dificuldades são pontuais, e ultrapassam-se. Não posso esquecer de referir que a indústria de materiais dentários também nos tem apoiado, quer a nível de materiais de consumo utilizados nos cursos, quer de outros materiais diferenciados que permitem que os alunos possam desenvolver as suas competências nas condições ideais”, afirma.

De igual modo, Eunice Carrilho diz estar também muito grata à equipa com a qual trabalha. “É uma equipa muito nova, ativa, forte e coesa, cheia de ideias e muito trabalhadora, e é isso que interessa. Espero que a FMUC saiba reconhecer isso no âmbito das carreiras docentes, já que falamos de docentes muito qualificados, e com muita produção científica”, assinala.

“Por isso, estou realmente esperançada no futuro deste instituto, na nossa atividade: clínica, pedagógica, e científica”, conclui.

por Luísa Carvalho Carreira (texto e fotografia de topo)
fotografias gentilmente cedidas por Eunice Carrilho