Fora da Medicina

A CÁTEDRA UNESCO DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA EM BIODIVERSIDADE
E CONSERVAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
UNESCO CHAIR IN BIODIVERSITY SAFEGUARD FOR SUSTAINABLE DEVELOPMENT

A Cátedra da UNESCO em Biodiversidade e Conservação para o Desenvolvimento Sustentável, proposta pela Universidade de Coimbra em 2013, teve a aprovação da UNESCO em 17 de outubro desse ano. A primeira Cátedra Unesco atribuída à Universidade de Coimbra, constitui-se como uma rede integrada de investigação, ensino, promoção e transferência de conhecimento nas áreas da biodiversidade e ecologia, com vista à promoção de uma maior harmonia entre as atividades humanas e a conservação da natureza. O reconhecimento por parte da Universidade de Coimbra da importância destes domínios do saber, vai ao encontro das prioridades definidas pela UNESCO, nomeadamente no que diz respeito à aplicação do conhecimento científico em benefício do meio ambiente e da gestão dos recursos naturais, e ao fortalecimento dos sistemas e políticas de ciência, tecnologia e inovação para o desenvolvimento sustentável.

A plataforma de cooperação académica e científica que a Cátedra fomenta, tem distinguido os países de língua oficial portuguesa, com especial ênfase no continente africano, através do desenvolvimento de várias atividades e iniciativas, designadamente formação (presencial e e-learning), criação de bolsas, estágios e intercâmbios de recursos humanos com as entidades parceiras, desenvolvimento de projetos científicos e publicações relacionadas com as áreas de investigação referidas.

A Cátedra conta com uma importante rede de parcerias nacionais e internacionais, com especial destaque para Angola, Moçambique e Brasil, e com a colaboração científica e enquadramento institucional do Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra, uma unidade I&D reconhecida pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (cfe.uc.pt). São muitos os investigadores envolvidos de forma muito ativa e empenhada nas atividades de formação e de investigação promovidas pela Cátedra.
Relativamente à estratégia nacional, a Cátedra Unesco da Universidade de Coimbra desempenha um papel dinamizador e de apoio técnico-científico às Reservas da Biosfera, em estreita colaboração com a Comissão Nacional da UNESCO, participando atualmente num projeto internacional apoiado pelo Fundo EEA Grants (“Reservas da Biosfera: Territórios Sustentáveis, Comunidades Resilientes”: https://www.reservasdabiosfera.pt/). As Reservas da Biosfera da UNESCO representam instrumentos privilegiados de valorização do território, num modelo de governança que será cada vez mais relevante no panorama das estratégias de proteção, gestão e utilização dos recursos naturais e da biodiversidade. De facto, a conservação dos valores naturais é hoje indissociável da presença humana e do desenvolvimento sustentável e prosperidade económica das populações, princípios que presidem à classificação e reconhecimento destes territórios.
A estreita ligação da Cátedra a Angola e Moçambique, antecipa ainda um papel interlocutor que poderá realizar no contexto da CPLP, em concreto na área focal para a implementação da Convenção sobre a Diversidade Biológica nos seus países membros; é justamente nestes países que o modelo das Reservas da Biosfera se ajusta aos desafios ambientais, mas onde ainda tem uma implementação muito reduzida.

A Cátedra e a Ciência Aberta 

A Cátedra UNESCO em Biodiversidade e Conservação para o Desenvolvimento Sustentável subscreve os princípios orientadores da Política Nacional de Ciência Aberta: o conhecimento é de todos e para todos. A Ciência Aberta é indispensável a uma sociedade mais informada, contribuindo para a tornar mais humana, mais justa e mais democrática; uma sociedade onde o bem-estar é partilhado por todos.

A Cátedra UNESCO da Universidade de Coimbra constitui-se como uma plataforma integrada de investigação, formação, informação e comunicação de ciência nos domínios da biodiversidade, ecologia, conservação e desenvolvimento sustentável – criando assim um contexto ideal para a partilha e transferência de conhecimento, de acordo com os princípios da Ciência Aberta.

A Cátedra UNESCO segue três linhas de ação, interligadas entre si: investigação, formação e comunicação de ciência, fomentando o acesso aberto, dados abertos, redes de repositórios abertas e ciência cidadã, visando tornar os dados alcançáveis a todos, garantir o acesso generalizado à informação, e incluir os cidadãos no processo de investigação.

A Cátedra e a Agenda 2030

O compromisso pelo desenvolvimento sustentável é um dos maiores desafios que se colocam a Portugal e ao mundo. As alterações climáticas, o crescimento demográfico, a gestão dos recursos hídricos e dos bens alimentares, a proteção dos oceanos, a conservação da biodiversidade e a manutenção dos serviços dos ecossistemas, são questões cada vez mais complexas e centrais nas escolhas de qualquer país.

 Um desenvolvimento sustentável deve assegurar o equilíbrio dos sistemas que suportam a vida, numa conciliação desejável e efetiva entre o pensamento económico e o ponto de vista ecológico. A coexistência de uma demanda crescente de recursos e o equilíbrio de um planeta cada vez mais frágil, em que as ameaças são profundas e globais, exige uma visão concertada, transdisciplinar e transnacional, e uma intervenção urgente apoiada na partilha do conhecimento e no capital científico.





A Agenda das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, conhecida por Agenda 2030, contempla um conjunto de 17 objetivos (ODS) que os países membros das Nações Unidas devem ter como referência para a definição das suas agendas políticas, e cuja concretização depende de uma ampla responsabilidade social e de um forte empenho da ciência e da academia. Trata-se de uma agenda ambiciosa, transformadora do mundo e promotora da paz, erradicando a fome e a pobreza, reduzindo as desigualdades, e constituindo uma extraordinária oportunidade e um desafio para a própria ciência, que é assim encorajada a ir ao encontro dos problemas que mais afetam a Humanidade, assumindo o compromisso primordial de contribuir para o bem-estar das gerações atuais e futuras. É no cruzamento destes desafios e oportunidades, da formação e produção científica sólida, estimulada e vinculada ao compromisso societal, à partilha ampla e cúmplice da informação e do conhecimento, que se inscrevem os princípios orientadores de uma ciência aberta e renovada, ao serviço do desenvolvimento dos povos.  

Helena Freitas
Departamento de Ciências da Vida da Universidade de Coimbra
Detentora da Cátedra Unesco

http://unescobiodiversitychair.uc.pt/