Lucerna

Decorridos alguns meses desde a conclusão do meu percurso académico na qualidade estudante do Mestrado Integrado em Medicina Dentária da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (MIMD da FMUC), e com a experimentação da vida profissional, brota uma nostalgia dos “verdes anos que chegam ao fim”.

 Recordo agora o sonho, que tive o privilégio de experienciar ao longo dos últimos anos, enquanto estudante da mais bela e antiga Universidade do país. Com 731 anos de História e sempre na vanguarda do ensino e investigação, com garantia de futuro a todos quanto forma, em equilíbrio entre a cidadania e a consciência, é um orgulho fazer parte desta História e ser portador da responsabilidade da mesma no quotidiano.

 O caminho percorrido desde o processo de entrada até à formatura foi sinuoso, porém, desistir nunca foi opção para quem os desafios fizeram sempre parte da vida e serviram de alento ao ritual de autossuperação diária. Para culminar o meu trajeto académico, abraçar a causa de presidir à XXIII Direção do Núcleo de Estudantes de Medicina Dentária da Associação Académica de Coimbra (NEMD/AAC) foi indubitavelmente o maior de todos os desafios a que já me propus, constituindo-se para mim o principal marco como estudante desta mui nobre Academia.

 A par da elevada especificidade, exigência e sobrecarga letiva que caracteriza o MIMD da FMUC, concomitantemente à construção do Projeto de Investigação enquanto estudante finalista, senti o dever de dar o meu contributo na prossecução da tradição e irreverência da Academia Coimbrã e com isto liderar uma equipa e com ela trilhar os desígnios de um ano tão atípico e sem precedentes.

 Ao assumir tamanha responsabilidade, e dado que à data o futuro avizinhava-se incerto, enquanto estudante representante de um curso altamente profissionalizante, urgia a necessidade de garantir uma formação de excelência, compatível com as exigências de um mercado de trabalho cada vez mais escasso e competitivo, sem prejuízo para os estudantes que se deparavam com esta vicissitude. Este foi um desafio igualmente partilhado com todos os Órgãos de Gestão Académica, Coordenação do MIMD e Direção da FMUC que cordialmente, em tempos pandémicos, uniram todos os esforços para a manutenção do ensino e prática clínica ininterrupta, tendo sido um exemplo para as restantes escolas médico-dentárias e espelho da vanguarda da formação de referência da Medicina Dentária em Portugal.

 No final, não levo comigo apenas um curso e uma profissão. Reconheço atualmente a natureza deste percurso, com a riqueza do associativismo oficioso, como um complemento à formação dos estudantes, na oferta de insubstituíveis oportunidades de desenvolvimento humano, na promoção do trabalho em equipa, na gestão do tempo, e pelo facto de dotar os estudantes de espírito crítico e proatividade, tão necessários no futuro pessoal e profissional.

 Agora e já no meu Alentejo, em pleno exercício da profissão, encontro-me a dar os primeiros passos enquanto médico dentista e a presenciar o reconhecimento da qualidade da formação que me foi ministrada, fruto dos ensinamentos de um corpo docente altamente especializado que dota os estudantes das melhores Faculdades para enfrentar os desafios diários da profissão. E que desafios! Contudo, sempre em busca de me superar, não descarto desafios que o futuro reserve, uma vez que “a mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original” (Albert Einstein).



João Pedro Matos é
médico-dentista e terminou recentemente o Mestrado Integrado em Medicina Dentária
da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra

Lucerna

Ilustração por Ana Catarina Lopes