PUBLICAÇÕES 
EM DESTAQUE

Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra

VOICEmed #3

Medicina Dentária: biomateriais como substitutos de enxertos
de origem animal

Sobre o estudo
Os substitutos ósseos são utilizados, de forma rotineira, em Medicina Dentária. Tem-se observado, nas últimas décadas, uma maior procura dos mesmos e o desenvolvimento de novos materiais. O autoenxerto (osso do próprio indivíduo) é considerado o ‘gold standard’ na substituição óssea; no entanto, a colheita desse osso requer um procedimento cirúrgico adicional, tendo ainda outras desvantagens, como as restrições quantitativas. Deste modo, diversas alternativas têm sido apresentadas à utilização do autoenxerto. Os xenoenxertos, que podem apresentar origem bovina, suína ou equina têm sido bastante utilizados na prática clínica. Contudo, a sua origem animal, o risco de desencadearem uma resposta imunitária do organismo, a ausência de propriedades osteoindutoras, de produção de tecido ósseo, e a possibilidade, ainda que reduzida, de transmissão de doenças de origem animal têm sido apontadas como limitações à sua utilização. Tais factos têm contribuído para o desenvolvimento de biomateriais sintéticos tais como a hidroxiapatite (HA), os fosfatos de tricálcio (TCP) e os vidros bioativos, não se tendo encontrado ainda o substituto ósseo ideal. Deste modo, neste trabalho avaliou-se, em defeitos ósseos de modelo animal, o potencial regenerativo de três substitutos ósseos sintéticos, um comercial, adbone®BCP (75% de HA e 25% de β-TCP) e dois desenvolvidos por esta equipa de investigação, o FastOs®BG (biovidro) e o 30β-TCP-70FastOs®BG (30% de β-TCP e 70% de FastOs®BG).


Resultados e impacto
Os resultados obtidos demonstraram que todos os biomateriais em estudo foram capazes de induzir a regeneração óssea. Contudo, observou-se que o Fastos®BG possui um potencial regenerativo superior ao dos outros biomateriais, uma vez que foi através da sua utilização que se observou a maior percentagem de novo osso formado. Constata-se assim que a adição de β-TCP ao biovidro (30β-TCP-70FastOs®BG) não apresentou nenhuma vantagem à utilização do biovidro puro, tendo-se observado inclusive resultados em sentido contrário. Já em relação ao adbone®BCP, a sua performance foi ligeiramente inferior à do FastOs®BG. Sendo o adbone®BCP constituído por uma mistura de HA e β-TCP, grande parte deste biomaterial não é reabsorvível, pois a HA não o é. Por outro lado, o substituto ósseo ideal deve ser biocompatível e não evocar qualquer resposta inflamatória ou imunitária adversa, deve ser osteocondutivo, osteoindutivo e reabsorvível. Assim, o facto de o adbone®BCP não ser reabsorvível e para além disso não apresentar um potencial regenerativo superior ao do FastOs®BG sugere que o biovidro desenvolvido seja, de entre os estudados, o material de enxerto ósseo mais promissor, que pode vir a ser utilizado como substituto preferencial.


Manuel Marques Ferreira


Ceramics International
Can the regenerative potential of an alkali-free bioactive glass composition be enhanced when mixed with resorbable β-TCP?



Voltar à newsletter #3