Editorial


Está chegada a época de férias, pausa para um tão desejado, ansiado e merecido descanso. Apesar das dificuldades com que nos deparamos, nestes tempos tão conturbados e difíceis, onde somos bombardeados, por todos os lados, com notícias desanimadoras, que a pouco e pouco nos vão dessensibilizando para a gravidade dos problemas, ainda é possível termos boas e animadoras notícias. Enquanto escrevo este texto, tomo conhecimento da enorme conquista da “nossa” Catarina Costa. “Nossa” porque dignificou, de forma brilhante, o nosso país, mas também “nossa” porque é uma inspiradora estudante da nossa FMUC. É de facto um feito notável, aquele que a Catarina conseguiu nos Jogos Olímpicos de Tóquio, ao alcançar um excecional 5º lugar. A Catarina deve constituir um exemplo, pela força, pela dedicação, pela superação, pelo sacrifício que coloca na sua vida, pessoal, desportiva e académica. Não é fácil, e por isso não é para todos, ter um lugar no Olimpo, enquanto atleta de alto rendimento e estudante de um curso universitário tão exigente como é Medicina. Parabéns Catarina e muito obrigado pela enorme alegria que nos proporcionou!


Infelizmente, não é só de COVID-19 que se fazem as más notícias. Apesar da esperança trazida pela vacina, não podemos baixar a guarda. O Planeta vive momentos muito difíceis, que vão exigir de cada um de nós uma mudança de atitude e comportamento. A Terra dá sinais de saturação e cansaço, a pedir uma intervenção rápida e efetiva, no sentido de assegurar o seu equilíbrio e preservação. Convém não esquecer que esta não é apenas a “casa” do Homem, mas o habitat de todas as espécies que, por direito próprio, têm o seu lugar e, por isso, devem merecer a nossa consideração e atenção. É o desrespeito por este conceito que pode pôr em causa a sanidade do Planeta, a conservação da biodiversidade e a própria sobrevivência da Humanidade. São muitos, e bem visíveis, os sinais de rutura e desgaste na Natureza, com cheias em locais e alturas do ano pouco expectáveis, com temperaturas a atingir níveis históricos incompatíveis com a vida para a maioria das espécies, com incêndios a devastar e matar extensas áreas de vida, pandemias a dizimar milhões de pessoas em todo o mundo. Tudo isto provoca um enorme desequilíbrio em todo o ecossistema, obrigando as populações a migrarem em busca de melhores condições para garantir a sua sobrevivência. E, naturalmente, este fenómeno migratório, de seres humanos ou outras espécies, vai criar conflitos de difícil gestão, contribuindo para agravar a catastrófica situação que o Planeta enfrenta. Está nas nossas mãos, na mudança de comportamentos, alterar o rumo e garantir a sustentabilidade e viabilidade do nosso Mundo.


Está terminado o mandato da atual Direção da FMUC. Apesar de há dois anos, o programa de ação de Carlos Robalo Cordeiro ter tido a preferência da maioria da comunidade FMUC, a pandemia, que logo no início do mandato esta Direção teve que enfrentar, impediu que muitas das iniciativas previstas e planeadas fossem cumpridas. Ainda assim, em condições tão restritivas e difíceis, foi possível dar passos importantes, a diversos níveis. No entanto, muito ficou ainda por concretizar. É tempo de arregaçar as mangas e por mãos à obra, tentando colocar em ação algumas das medidas que contribuirão para o desenvolvimento, dinamização e afirmação da FMUC. 


Para nos contar um pouco do que foi este seu último mandato à frente dos destinos da FMUC e como se perspetiva o futuro da Escola, conversamos, na rubrica 4´33´´, com Carlos Robalo Cordeiro. Na sequência das recentes eleições, alguns dos mais importantes órgãos da Escola foram já definidos, onde é possível constatar alguma mudança, que mostra a vitalidade e capacidade de renovação da FMUC. Desejo a todos os novos membros da Assembleia, dos Conselhos Científico e Pedagógico, principalmente àqueles que agora iniciam funções, as maiores felicidades para o exercício deste cargo, pois com isso beneficiará também a Faculdade. 


Em “Do curso de Medicina”, ficamos a conhecer o percurso de Fernando José Oliveira, a vida de um grande cirurgião e fervoroso adepto da Académica, que começou nas cadeiras de um curso de Engenharia, em Lisboa. Como tem sido amplamente divulgado, um dos objetivos da Voice*MED é dar a conhecer a FMUC, incluindo as suas estruturas, os seus membros e o seu trabalho. Nesta edição, na rubrica “Isto é FMUC”, vamos inovar no seu conteúdo, ao dar a conhecer a excelência da investigação que se desenvolve na Faculdade. Neste caso, Célia Gomes fala-nos sobre os seus projetos na área do cancro e no papel que as vesículas extracelulares podem ter neste processo, nomeadamente na metastização, envolvendo uma colaboração e interação próxima com clínicos e outras disciplinas. 


Em Lucerna, Vânia Almeida, estudante do Programa de Doutoramento em Ciências da Saúde, e interna de especialidade em Anatomia Patológica, explica-nos por que sempre ambicionou ser estudante a vida inteira. Em “Fora da Medicina”, vamos conhecer a Casa da Esquina, um projeto associativo que, para além de promover a cultura de Coimbra, pretende ser também um espaço de reflexão dos problemas da sociedade, acarinhando ainda projetos de intervenção social. Por fim, Alda Gonçalves prescreve uma receita carregada de humanismo e esperança, para não esquecermos o quão importante é viver a vida!


 Henrique Girão


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