Lucerna

Sou a Carina Duarte, tenho 19 anos, sou de uma cidade muito bela perto do Rio Douro, Lamego e frequento o primeiro ano do MIM, na FMUC, ou seja, caloirinha de coração cheio.

O meu caminho é feito de contratempos e desafios. Podia dizer que quero ser médica desde pequenina, mas não. A única coisa relacionada com medicina foi um disfarce de Carnaval. Sociologia, economia, gestão e direito ocupavam a minha cabeça, mas nunca o coração. Confiei, como sempre, no meu caminho e procurei novas rotas.

Quando tudo me remetia para um certo destino, mudei a direção! Já não eram as letras ou os números a terem a minha atenção, mas sim o brilho de uma arte, os atlas gigantes (que agora me dão muito trabalho), a bata branca, o sorriso de satisfação na cara de um médico, as descobertas, a ajuda que poderia dar, a mudança que poderia ser, a variedade de caminhos que podia seguir, tudo me fascinava. Era este o caminho a ser feito e depois de muitas opções: “Mãe, é mesmo medicina que quero estudar!” e depois disto foi continuar a caminhar.

Medicina tornou-se O Sonho. Quanto mais pesquisava, lia e pensava, mais eu ambicionava. Sem sítio certo para onde queria ir, continuei a caminhar até que, por alguma razão, a minha paixão e vontade não me trouxeram a medicina em 2019! Não foi fácil, quando percebi que O Sonho não ia acontecer, tudo desabou… Mas sendo a vida uma sucessão de decisões: tentar mais uma vez medicina ou desistir e seguir o caminho de outra Carina?

Numa viagem de família, a Fátima, onde parecia feliz, mas estava completamente assustada e assombrada com a decisão que tinha de tomar, pedi, inesperadamente aos meus pais para passarmos em Coimbra. Não perceberam o porquê nem eu, sinceramente. Só sabia que queria ir. E que amor à primeira vista foi. O Mondego, a Velha Cabra, a subida das Monumentais, os doutores trajados, edifícios grandiosos que nos assustam, mas que dão uma vontade enorme de entrar e descobrir. Nada passou ao lado. Senti que era em Coimbra que devia estudar, algo me dizia que seria muito feliz. Uma criança a olhar para uma cidade com o coração cheio de esperança e sonhos, a fazer a promessa de que um dia faria parte dela. O meu querido irmão tirou uma fotografia e durante um ano olhei para ela todos os dias e disse “Estou a chegar!”.

Pesquisei, pesquisei e pesquisei sobre a FMUC. Qual era a probabilidade de a Cidade dos Sonhos ter uma faculdade que me poderia dar a oportunidade de conjugar a parte da investigação com a parte clínica? Era tudo o que eu queria para ter margem de manobra para poder continuar a caminhar mergulhada nos meus sonhos, que um dia serão realidade.

Cheguei à minha primeira escolha, em 2020! Depois de ter vivido a FMUC à distância durante um ano, “Entrei, Família!” e assim nasceu oficialmente a história de amor pela FMUC que pode não ser perfeita, mas que é Casa. “Força, foco e fé!” e “Os sonhos movem montanhas.” e como a minha querida amiga Elisa me disse “Carina, em Coimbra sonhos concretizam-se e ainda nascem mais uns quantos, anda que eu e a FMUC recebemos-te de braços abertos!”. Obrigada, Elisa! Obrigada família, por aguentarem toda a minha ansiedade, livros espalhados por todo o lado, “imagens feias” como o “Maninho” diz e músicas de tunas sempre a tocar. Obrigada a todos os meus professores, sem eles nunca poderia estar aqui. Obrigada amigos, que me impediram de desistir do meu Sonho. Obrigada.

Sei que me estás a ver Avó, a tua neta vai ser Médica!

Carina Duarte é aluna do Mestrado Integrado em Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.

Lucerna

Ilustração por Ana Catarina Lopes