A trabalhar para o futuro, no Jardim Botânico da Universidade de Coimbra

Fora da Medicina

O papel dos jardins botânicos tem sofrido transformações ao longo dos séculos, e o Jardim Botânico da Universidade de Coimbra (JBUC) é também disso exemplo. Fundado em 1772, o JBUC foi criado com base em coleções taxonómicas utilizadas pela Universidade para o estudo e documentação das plantas, facto que é determinante para o seu valor científico e histórico. Contudo, hoje é reconhecido para além dessa capacidade, como um espaço aberto a todos, e um local privilegiado para acolher projetos de uma variedade de disciplinas, como os de educação ambiental, de ensino formal e informal, de investigação, de intervenção social e mesmo culturais e artísticos. Esta multidisciplinaridade é essencial para fortalecer a ligação do JBUC tanto à comunidade universitária como à cidade e à região, e a uma rede alargada de parceiros externos, reforçando assim a sua atual relevância dentro e fora dos seus muros.






Pese embora alguns avanços científicos e tecnológicos em diferentes áreas gerem debate público e cobertura dos média, o conhecimento sobre as plantas e a conscientização sobre a sua relevância ainda não têm o destaque adequado. Há por isso ainda lugar para o desenvolvimento de ações em defesa da conservação das plantas e do seu papel fundamental na manutenção da vida, e para lutar ativamente contra a indiferença às plantas nas sociedades modernas (esta indiferença ou “cegueira” botânica é habitualmente conhecida como “plant blindness”). O JBUC ocupa assim atualmente uma posição única para abordar as questões científicas e sociais relacionadas com a conservação de plantas, a biodiversidade e a sustentabilidade, envolvendo o público e restabelecendo a ligação das comunidades com o mundo das plantas. De particular importância para a sua missão de divulgação e educação é o programa educativo do JBUC – Ideias para Germinar –, em preparação e a lançar no início do próximo ano letivo. Continuando o trabalho feito desde longa data, o JBUC pretende, por isso, renovar e potencializar os seus programas educacionais para que desempenhem um papel cada vez mais importante na educação botânica em ambientes formais e informais, o que muitas vezes é escasso nas escolas em todo o mundo, não sendo exceção também em Portugal.

A pandemia de COVID-19 tem igualmente afetado a atividade de museus e jardins botânicos, e colocado desafios à sua pertinência enquanto espaços de ciência, culturais e de lazer, ao serviço da sociedade e do seu desenvolvimento. Um repositório digital das suas coleções – vivas, no caso dos jardins botânicos –, não substituirá nunca as visitas aos espaços, que escassearam no último ano e meio. Os recursos digitais podem, contudo, contribuir para a divulgação das coleções e suas potencialidades, mantendo o contacto com os seus públicos e potencialmente captando novos públicos. Apesar do privilégio de ter podido manter-se aberto depois de maio de 2020, ainda que com restrições que foram sendo adaptadas à medida da situação pandémica e das normas vigentes, não é, pois, de estranhar que o JBUC tenha também reforçado a sua presença digital. Destacamos a visita virtual à Estufa Tropical, recentemente produzida para celebrar o Dia Internacional do Fascínio das Plantas, convidamos-vos a visitar o nosso canal do Youtube e a assinar a newsletter semanal, para conhecer mais sobre a atividade do nosso e vosso Jardim Botânico.

M. Teresa Girão da Cruz
Diretora do Jardim Botânico da Universidade de Coimbra


Fotografias © JBUC e Felippe Vaz - Núcleo de Marketing da UC (fotografia aérea)