Numa altura em que já antecipávamos poder estar a salvo dos condicionamentos impostos pela Covid-19, eis que nos deparamos com uma nova vaga da pandemia. Com base em notícias recentes tão animadoras e encorajadoras, que davam conta de um abrandamento da progressão da doença, aliado a um processo de vacinação no qual a propagação do vírus esbarraria, todos prevíamos, e desejávamos, estar a viver, nesta altura, um processo de desconfinamento progressivo, rumo a alguma normalidade, em alguns casos já estranha e esquecida. Mas infelizmente, alguns comportamentos menos zelosos e mais descuidados trocaram-nos as voltas, o que nos levou a um retrocesso na estratégia de “libertação”. Para além do impacto que têm nas relações interpessoais, aos mais diversos níveis, na socialização e convívio, fundamentais para o nosso crescimento e bem-estar, mais restrições terão um efeito devastador em termos civilizacionais. De facto, estas medidas vêm agravar, ainda mais, as enormes assimetrias económicas, sociais e culturais que existem à escala mundial. O prolongar da pandemia vem expor, de forma ainda mais explícita, as injustiças que milhões de pessoas enfrentam em diversas regiões do planeta, onde a escassez de alimento e condições sanitárias, a ausência de liberdade, justiça e igualdade, levam seres humanos, de diversas idades, religiões ou raças, a embarcar em viagens, muitas vezes sem nunca tocarem o destino, em busca de condições que respeitem os mais elementares valores de dignidade humana. Para impedir que esta catástrofe humanitária se alastre é essencial que se proceda a uma vacinação rápida de toda a população. Só assim, será possível fazer frente ao vírus e evitar que algumas das suas engenhosas estratégias para contornar as defesas humanas, como o aparecimento de mutações e novas variantes, permitam a sua propagação e continuem a instaurar o pânico nas comunidades. Cada nova transmissão para um organismo indefeso e desprotegido aumenta a probabilidade de este poder constituir um reservatório privilegiado para alterações que poderão fortalecer o vírus. Assim, é urgente uma vacinação rápida e massiva da população para criar barreiras à difusão da doença.
Este é também um período de eleições, num processo que mostra bem a vitalidade e capacidade de renovação da nossa Faculdade, com a integração de pessoas novas para os diversos órgãos da Escola, que trarão seguramente ideias e argumentos para enfrentar, com sucesso, os desafios que se avizinham. São várias as oportunidades que num futuro próximo, a Faculdade, a Universidade e a Região têm que abraçar e aproveitar, sob pena de continuarmos obrigados a viver o nosso triste fado, de desfavorecidos, desrespeitados, desconsiderados, negligenciados, etc. As oportunidades, para nós e para outros, estão aí... é só necessário agarrá-las e aproveitá-las em nosso benefício, e não perder tempo a atirar tiros nos nossos próprios pés, com questões menores e paralelas, que tantas vezes apenas servem interesses pessoais. Está na altura de, todos juntos, com respeito, vontade, ânimo, entrega, generosidade e altruísmo, colocarmos todas as nossas energias na conquista de batalhas que nos permitam sermos mais fortes, como todos desejamos. Se há área em que Coimbra se pode afirmar nacional e internacionalmente, fruto das condições únicas já existentes, é a Saúde, e em particular o Envelhecimento, onde são vários os “instrumentos” que, se bem usados e capitalizados, permitem colocar Coimbra num lugar cimeiro e competir, de igual para igual, com as mais prestigiadas instituições dedicadas a este tema.
Para nos falar da estratégia há muito gizada para abordar o Envelhecimento, nas suas várias dimensões, convidamos, em 4´33´´, João Malva, Coordenador do Consórcio Ageing@Coimbra, que, fruto do conhecimento profundo que tem desta matéria, nos fará um enquadramento histórico dos vários pilares que sustentam esta e outras iniciativas.
Fortemente alinhada com a estratégia científica para o estudo do Envelhecimento está o iCBR, coordenado por Francisco Ambrósio, que nos dará a conhecer, em “Isto é FMUC” a estrutura e objetivos deste instituto da Faculdade.
Na rubrica “Do curso de Medicina”, José Luís Pio Abreu descreve-nos o seu envolvimento nas batalhas estudantis assim como como Freud e cabos telefónicos condicionaram as suas escolhas profissionais e científicas. Haverá ainda espaço para refletir sobre a dificuldade que existe, nos dias de hoje, em lidar com a esquizofrenia da exposição mediática nas redes sociais.
Em Lucerna, Carina Duarte, estudante do MIM, relata-nos como um desvio por Coimbra, numa viagem com outro destino, lhe permitiu realizar O Sonho e ainda perceber que em Coimbra outros sonhos se podem concretizar.
Em “Fora da Medicina”, vamos conhecer o Jardim Botânico da Universidade de Coimbra, um espaço de referência da cidade e da região, não apenas pelo valor científico e histórico e pela riqueza das coleções de plantas aí existentes, mas também pelo seu papel na educação ambiental, ensino, investigação e intervenção social, cultural e artística, essenciais para fazer frente à “cegueira botânica”.
Por fim, Margarida Raposo prescreve uma viagem de sonho, ao som do compositor barroco Pachelbel, repartida por vários recantos do planeta, para desfrutar da família, da natureza e da cultura.
Henrique Girão