Estudo evidencia alto nível de fragilidade física na população idosa portuguesa
Sobre o estudo
Trata-se de um estudo prospectivo, randomizado em dupla ocultação, com desenho factorial, desenhado para avaliar os efeitos de vitamina D, ómega-3 e exercício físico ou suas combinações, numa variedade de indicadores de saúde em pessoas com mais de 70 anos de idade.
O estudo, financiado no âmbito do programa FP7 da UE, incluiu 2144 voluntários de sete centros universitários em cinco países europeus: Suíça, França, Alemanha, Áustria e Portugal. Incluímos, em Coimbra, 301 idosos ambulatórios com estado de saúde considerado genericamente bom.
Esta publicação apresenta os dados da avaliação de fragilidade (Frailty) e pré fragilidade nas populações estudadas, usando cinco definições diferentes destes estados. Na população portuguesa apresentavam fragilidade 3 a 24,3% das pessoas, consoante a definição utilizada. Estes valores contrastam-se notavelmente com o observado nas populações de outros centros, em que a prevalência variou entre 0,0% e um máximo de 5,5% consoante os centros e a definição considerada.
Resultados e impacto
Estes resultados devem constituir um sinal de alarme para o estado de saúde da população portuguesa, com destaque para os idosos, quando comparado com o de países mais afluentes económica e socialmente.
O estudo tem, como todos, a suas limitações. Destaca-se, neste caso, o facto de que a seleção de participantes não foi aleatorizada mas sim com base em voluntariado de conveniência. Isso faz admitir que a mostra incluída não seja necessariamente representativa da população total da região nem do país, mas indicia que o erro de estimativa será mais provavelmente por defeito do que por excesso. Por outro lado, o método de recrutamento foi o mesmo em todos os centros.
O estado de fragilidade constitui, qualquer que seja a sua definição, um indicador de elevado risco para mortalidade e sobretudo para prejuízo da qualidade de vida. Muito embora Portugal detenha uma posição honrosa quanto à esperança global de vida, a nossa prestação em termos de anos de vida com saúde é bem mais deficiente (posição 24 a 26 em 31 países europeus segundo a Eurostat - https://ec.europa.eu/eurostat/web/products-eurostat-news/-/edn-20200407-1). Este facto merece uma atenção redobrada das entidades envolvidas na regulação e na investigação em saúde no nosso país, como base para o investimento que, obviamente, se impõe.
José Pereira da Silva
The Journal of Frailty & Aging
Prevalence of Physical Frailty: Results from the DO-HEALTH Study
Fotografia de Huy Phan @ Unsplash