Instituto de
Periodontologia

Isto é FMUC

O Instituto de Periodontologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC) tem-se destacado, assim como toda a Área de Medicina Dentária (AMD), pelo trabalho desenvolvido e pelos prémios atribuídos, a nível nacional, nas componentes clínica, de investigação e de ensino. Criado formalmente em 2017, este instituto localiza-se no Departamento de Medicina Dentária, Estomatologia e Cirurgia Maxilo-Facial, nos Blocos de Celas, e é coordenado por Isabel Poiares Baptista.

As vertentes de ensino, investigação e serviço à comunidade 

O Instituto de Periodontologia está presente na componente letiva do Mestrado Integrado em Medicina Dentária (MIMD), mais concretamente nos 3º, 4º e 5º anos deste ciclo de estudos. “As valências lecionadas neste âmbito são todas anuais e de componente clínica”, esclarece a diretora do instituto, adiantando que “a mesma equipa de professores partilha a docência nestes três anos”. 

No que respeita à investigação, este instituto tem desenvolvido o seu trabalho em torno de três principais linhas de investigação: Regeneração Periodontal, Peri-implantite e Medicina Periodontal. Esta última aborda especificamente a ligação entre a Periodontologia e a diabetes, a artrite reumatoide e as doenças cardiovasculares. “Nesta linha de investigação, temos uma aluna de doutoramento e também duas alunas do mestrado integrado, sendo a parceria mais recente a estabelecida com o serviço de Cardiologia”, destaca Isabel Poiares Baptista.















Quanto ao serviço prestado à comunidade pelo Instituto de Periodontologia, a sua diretora salienta que este diz sobretudo respeito à componente prática e clínica das aulas do MIMD. “Aquilo que fazemos, em termos de serviço à comunidade, é prestar serviços diferenciados na área da Periodontologia aos utentes das consultas da AMD”, refere. Antes da pandemia de COVID-19 e das consequentes “restrições no que diz respeito ao acesso e à oferta de serviços”, Isabel Poiares Baptista, tal como outros colegas, chegaram a realizar consultas de Periodontologia fora do âmbito da docência, embora a diretora do instituto ressalve que estas não se encontravam formalizadas, dado que esta especialidade da Medicina Dentária “não tem uma estrutura própria, tal como acontece, por exemplo, com as especialidades em Medicina no hospital” e que as instalações da AMD são “exíguas, não havendo, por isso, espaço para que aqui se realizem consultas diárias de Periodontologia”.


A equipa e o reconhecimento pelo trabalho desenvolvido

A equipa deste instituto é constituída por seis pessoas, todas docentes, das quais cinco são especialistas em Periodontologia, conforme faz saber Isabel Poiares Baptista, que refere também que esta é uma especialidade recente, criada em 2018 pela Ordem dos Médicos Dentistas (OMD). Da equipa fazem parte três doutorados e dois alunos de doutoramento.

A diretora do instituto confessa o orgulho que sente pelos prémios que a equipa tem recebido, não apenas no âmbito pedagógico, mas também naquilo que diz respeito ao trabalho desenvolvido na investigação e na componente clínica. “Os alunos do MIMD atribuem prémios aos docentes e às equipas da AMD, e nós já fomos distinguidos por várias vezes, tanto individual como coletivamente”, conta. O reconhecimento pelo bom trabalho também se tem refletido nas “boas avaliações em inquéritos pedagógicos realizados aos alunos”.

Quanto às componentes clínica e de investigação, Isabel Poiares Baptista considera que “todo o instituto se deve também orgulhar” dos prémios de reconhecimento e de mérito que, frequentemente, têm recebido, e que salienta não estarem diretamente relacionados com “o nascimento do instituto”, em 2017, já que a atribuição de prémios é, de certa forma, “uma tradição” da AMD. No passado mês de fevereiro, estas duas componentes do instituto estiveram, inclusive, em destaque, na Reunião Anual da Sociedade Portuguesa de Periodontologia e Implantes (SPPI), com a atribuição dos prémios de ‘Melhor Trabalho de Investigação’ e ‘Melhor Caso Clínico’.








Em tom de brincadeira, a diretora do Instituto de Periodontologia afirma que “é normal” receberem prémios, tanto da SPPI, quanto do Congresso da OMD, que abrange todas as especialidades, e do Congresso da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD). “Temos sido distinguidos nessas ocasiões, e isso é bom sinal, claro: é muito bom sinal”, enfatiza.


A relação entre a periodontite e casos mais graves de COVID-19

A pandemia de COVID-19 trouxe, inevitavelmente, mudanças e adaptações na atividade desenvolvida pelo Instituto de Periodontologia. “Acho que onde se notaram mais estas mudanças foi na componente assistencial, de serviço à comunidade, que foi completamente cancelada: até hoje, ainda não voltámos a ter autorização para fazer consultas fora do âmbito da docência”, indica a diretora. Assim, apenas a parte assistencial que se enquadra nas aulas práticas do MIMD foi mantida, mas com uma redução drástica do volume de trabalho quando comparado àquele que era feito antes da pandemia.

Também na investigação, e uma vez que “algumas das linhas de pesquisa trabalham diretamente com estudos clínicos”, foram várias as condicionantes sentidas, com trabalhos de investigação a ficarem suspensos. “Temos uma aluna de doutoramento que está a fazer um estudo clínico, um trabalho sobre a ligação entre a artrite reumatoide e a Periodontologia, e que, durante meses, não pôde ir ao hospital, ao Serviço de Reumatologia, para fazer a observação dos doentes de acordo com o protocolo do projeto”, lamenta Isabel Poiares Baptista.








A diretora do instituto destaca também o facto de a Periodontologia ser uma especialidade de alto risco, já que os seus especialistas trabalham “com áreas contaminadas por placa bacteriana” e quase de forma constante com aerossóis. Para além disso, destaca também a publicação recente de um artigo científico que comparou as complicações de COVID-19 em doentes com e sem periodontite, em que se conclui que os doentes com periodontite têm risco muito superior de admissão nos cuidados intensivos, necessitam de ventilação ou têm mesmo maior probabilidade de falecer por COVID-19. Ou seja, que existe uma “associação entre a periodontite e as complicações por COVID”. Por isso, Isabel Poiares Baptista considera fundamental “chamar a atenção do público em geral para a necessidade do tratamento da periodontite, no sentido de reduzir o risco de desenvolver quadros mais graves de COVID-19, no caso de uma eventual infeção”.

Apesar dos condicionalismos, a diretora do Instituto de Periodontologia salienta que todos os cuidados já seguidos pelas especialidades da Medicina Dentária antes da pandemia, bem como o seu reforço, em contexto pandémico, permitiram que a adaptação a este contexto fosse relativamente fácil, e que continue a ser “perfeitamente segura” a realização de tratamentos dentários. “Daquilo que sabemos e que tenho lido, não houve, até hoje, nenhum foco de infeção em nenhuma clínica dentária em Portugal, e o número de colegas infetados é baixíssimo e com infeções que ocorreram fora do âmbito profissional: aqui, andamos todos com óculos de proteção, viseiras, duplas máscaras e completamente cobertos: é o que tem de ser”, observa.


O balanço de quatro anos à frente do instituto

Isabel Poiares Baptista é a primeira diretora do Instituto de Periodontologia. Depois de quatro anos à frente do cargo, aponta dois aspetos que gostaria de ver melhorados. Um diz respeito às instalações, que considera que deveriam ser mais amplas, especialmente na parte clínica. “Há uma degradação nítida das instalações, que deviam ser aumentadas, conforme previsto há já alguns anos, para que fosse possível termos espaço suficiente para consultas de especialidade, por exemplo”, refere.  

O outro aspeto diz respeito às condições de trabalho dos membros do instituto. “Existe uma falta de incentivo, de abertura de vagas… Temos um colega com o doutoramento feito há alguns anos, com um bom currículo que cumpre os critérios exigidos pela Faculdade para aceder à carreira, mas isso não tem sido possível uma vez que não tem havido abertura de vagas, e temos também colegas a fazer o doutoramento que não têm perspetivas de futuro propriamente animadoras, e isso, por vezes, desmotiva um bocadinho”, lamenta.

Ainda assim, salienta que a experiência na direção do Instituto de Periodontologia tem sido boa, “proporcionada pelo espírito de entreajuda, partilha e colaboração entre todos”. Algo que confessa que já acontecia antes da criação deste instituto. “Acho que a sua criação foi uma mera formalidade, porque não houve grande alteração relativamente ao que já fazíamos: demos-lhe foi um nome!”.


por Luísa Carvalho Carreira (texto e fotografia de topo)
fotografias gentilmente cedidas por Isabel Poiares Baptista