Lucerna

Testemunho de uma caloira da FMUC em plena pandemia

O meu nome é Teresa Pedro, tenho 19 anos, venho de Trancoso e faço parte dos 256 caloiros que no dia 26 de setembro de 2020 pôs fim ao desespero e recebeu o tão aguardado email da DGES. As notícias não podiam ser melhores, tinha entrado na minha primeira opção... à segunda tentativa, mas falaremos nisso mais à frente.  

Sempre fui uma rapariga com objetivos muito bem definidos e certa daquilo que queria para o meu futuro. Desde que me lembro que, o meu plano, depois de acabar o secundário, era estudar medicina e, exercer, a que é para mim, uma das melhores profissões do mundo. No entanto, não deixa de ser assustador e extremamente stressante todo o processo para o conseguir.  

Desde médias altíssimas e resultados excecionais nos exames até à luta pelo nosso lugar na lista de admitidos, é preciso uma boa dose de persistência, foco na meta, e sobretudo, muito amor à camisola e uma pitada de loucura, pois só mesmo os loucos se metem nisto, não é verdade?  

No ano passado, quando não entrei em medicina o meu mundo desabou por completo e os dias que se seguiram foram cinzentos lá por casa.  

Eu sei o que vocês estão a pensar. Pessoas a morrer à fome no mundo e tu, que tens a vida toda pela frente, estás a chorar rios porque não entraste no curso que querias? Aceito totalmente o vosso inconformismo porque, agora, também o consigo ver.  

É difícil dizer a um jovem de 18 anos que vai ficar tudo bem, que não é o fim do mundo se não entrar no curso que queria. Nós não vemos as coisas dessa perspetiva. Talvez seja imaturidade ou falta de experiência num mundo que até agora nos dava tudo de mão beijada.  

A verdade é que não desisti. Criei novos objetivos, tracei novas metas, repeti exames nacionais, cresci. E, hoje estou aqui, 1 ano depois, a escrever este texto, sentada mesmo em frente à Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra que, agora, é a minha segunda casa. Foi o concretizar de um sonho.  

Porquê Coimbra, perguntam vocês. Pois bem, para mim não fazia sentido nenhuma outra cidade. Estou longe de casa, da família, dos amigos. É todo um mundo novo e um misto de emoções, mas não me arrependo da escolha que fiz porque sei que fiz a escolha certa.  

As instalações da faculdade são ótimas e, apesar das idas até lá serem menos que as que gostaria, face à crise pandémica que vivemos, sei que durante os próximos 6 anos este será um lugar de muitos desafios, mas também de muitas conquistas.  

Face à quantidade de anos que esta faculdade tem e à adoção de um método de ensino mais “clássico”, um dos meus maiores receios era sentir que o curso de Medicina em Coimbra tivesse estagnado, parado no tempo. Não podia estar mais enganada.  

As oportunidades que o curso nos apresenta, logo desde início, são inúmeras. Para além disso, os professores são muito recetivos e mostram-se sempre disponíveis para nos ajudar a descobrir aquilo que gostamos. Para não falar dos programas de investigação que têm lugar na faculdade, ou outros que não têm lugar na faculdade, mas nos quais esta está envolvida, que são fascinantes e de muito prestígio para a universidade e inclusive para a cidade.  

Tenho consciência de que o caminho é longo e de muito estudo, mas vou percorrê-lo de coração cheio. Sempre grata por ter a oportunidade de estudar aquilo que gosto na faculdade e cidade que escolhi! 


Teresa Pedro é aluna do 1º ano do Mestrado Integrado em Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.

Lucerna

Ilustração por Ana Catarina Lopes