Portugal falhou na proteção animal porque não foi capaz de admitir ou compreender a causa principal do problema e, assim, não definiu nem implementou as medidas básicas de combate à causa para alterar a consequência. Em Portugal, durante décadas, a política para os animais de rua baseava-se em: “não alimentar”, “recolher” e “abater” os excedentes. Ou seja, dedicava-se apenas à consequência. Em duas décadas nada disto resultou, apesar destes métodos “radicais” e eticamente questionáveis.
Só é possível atingir um degrau de proteção animal em Portugal quando se baixar a curva populacional dos animais ditos de companhia, desencadeando um plano estratégico nacional de controlo de natalidade (esterilização).
Quando a população de animais é desta grandeza, extravasa todos os recursos possíveis, pelo que nas ruas sobram milhares de “excedentes”, parte dos quais enchem abrigos, canis e gatis, associações e particulares, e os restantes, que já não cabem em lado nenhum, ficam nas ruas a reproduzir-se, dando origem a enormes colónias de gatos ou matilhas de cães, num ciclo que se repete sistematicamente.
Os canis e gatis são e serão sempre fundamentais, para abrigar os abandonados, os que perderam seus donos, os que são vítimas de maus tratos. Mas não podem ser a única solução.