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Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra

Trabalho realça importância do melhoramento das etapas operatórias da microcirurgia endodôntica

Sobre o estudo

O tratamento endodôntico, vulgarmente conhecido como desvitalização ou tratamento dos canais radiculares, possibilita a manutenção e restabelecimento da funcionalidade de dentes com elevado grau de compromisso estrutural.

Contudo, com os materiais e técnicas atualmente usados, é expectável que 5 a 10% dos dentes tratados endodonticamente venham a desenvolver sinais clínicos e radiográficos de patologia apical secundária, 4 a 6 anos após o tratamento inicial. Nestes casos, pode ser indicada a realização do retratamento endodôntico não-cirúrgico, através da coroa do dente, desde que seja plausível que esta abordagem elimine a causa etiológica da lesão.

Nas situações clínicas em que o retratamento não está indicado, a cirurgia endodôntica apresenta-se como uma alternativa para eliminar a patologia apical secundária, e possibilitar a manutenção do dente são e funcional. A eficácia desta opção terapêutica melhorou imenso nas duas últimas décadas, como resultado da evolução das técnicas de cirurgia clássica para a microcirurgia endodôntica.

Esta última preconiza a utilização de microscópio operatório, microinstrumentos, pontas de retropreparação apical accionadas por ultrassons e materiais de retrobturação biocompatíveis. A microcirurgia endodôntica é muitas vezes o último recurso para evitar a extração dentária e possibilitar a preservação da dentição natural, sendo importante melhorar todas as etapas operatórias, de forma a otimizar a seu prognóstico.


Resultados e impacto

O prognóstico da microcirurgia apical depende de fatores pré, intra e pós-operatórios. Uma das etapas intra-operatórias com impacto no sucesso clínico é a qualidade da retropreparação apical alcançada. Esta é avaliada segundo diversos parâmetros, que incluem: a capacidade de eliminação de dentina contaminada e resíduos do canal radicular, a regularidade das margens de dentina preparadas, o respeito pelo trajeto original do canal e a eventual propagação de fissuras nos tecidos duros durante a utilização de ultrassons.

Neste estudo foram comparados 2 tipos de pontas de retropreparação por ultrassons, a CVDentus (TOF-L revestida por deposição química de diamante) e a NSK (E32-D). Os resultados desta investigação demostraram um desempenho superior das pontas CVDentus, que se traduziu pela obtenção de preparações do canal radicular com menos resíduos e apenas discretas alterações da superfície dos instrumentos após repetidas utilizações.

No que concerne à integridade marginal das paredes de dentina ou ao tempo de preparação não se encontraram diferenças significativas. Ambas as pontas, acionadas por ultrassons com a intensidade e frequência recomendadas, permitiram a execução da técnica sem propagação de fissuras, demonstrado assim um perfil de segurança adequado.

A proficiência desta técnica é fundamental para prevenir a microinfiltração e otimizar o prognóstico da microcirurgia apical, permitindo a preservação da dentição natural.


João Miguel Marques dos Santos 


Biomedicines 
Evaluation of Root-End Preparation with Two Different Endodontic Microsurgery Ultrasonic Tips


Fotografia de Umanoide @ Unsplash


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