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Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra

VOICEmed #2
O impacto do stress
na qualidade de sono

Sobre o estudo

Em jovens adultos, uma das queixas de saúde mais frequentes é relativa ao sono. Múltiplos estudos têm mostrado que os problemas de sono têm uma elevada prevalência nesta população, em especial nos estudantes. O impacto dessas dificuldades vai desde uma perturbação no bem-estar até consequências mais graves na saúde física e mental do indivíduo, bem como no próprio desempenho académico. Importa, por isso, conhecer as razões que influenciam de forma negativa a quantidade e qualidade do sono dos nossos estudantes de modo a poder intervir sobre elas. Existem múltiplos fatores externos que podem perturbar o sono, tais como uma má higiene do mesmo, o consumo de um vasto conjunto de substâncias psicoativas (álcool, drogas de abuso) e os acontecimentos stressantes (incluindo o próprio stresse académico) que determinam no organismo um conjunto de alterações fisiológicas/psicológicas que causam uma disrupção do sono. É importante perceber que o impacto de um evento stressante não tem um valor absoluto, sendo maior ou menor em função do modo como o indivíduo o avalia e das emoções que evoca. Assim, neste estudo efetuado em mais de 500 estudantes, o objetivo principal foi compreender alguns dos principais processos e mecanismos psicológicos (cognitivos e emocionais) que explicam e medeiam a relação entre o stresse e perturbação do sono. 



Resultados e impacto

Os resultados do estudo mostraram o que já é amplamente conhecido, isto é, que a perceção de stresse, por parte do indivíduo, está associada à perturbação do sono. O que é inovador é o conhecimento dos mecanismos psicológicos subjacentes a essa associação, em especial o papel mediador de certos processos cognitivos, como a ruminação (pensamento repetitivo negativo) e o afeto negativo (ansiedade/depressão) que atuam como “amplificadores” nesta relação que vai do stresse à perturbação do sono. A importância que estes achados têm pode ser considerável, quer a nível preventivo, quer da intervenção psicológica. A nível preventivo, o conhecimento do modo como a pessoa pensa, sente e regula as suas emoções (bem ou mal) ajuda a perceber quais os indivíduos que estão em maior risco de desenvolver respostas mal-adaptativas ao stresse, com impactos diversos na saúde, como no sono. A nível da intervenção achados como os deste estudo indicam-nos quais são os alvos específicos cognitivos e emocionais sobre os quais as intervenções psicológicas podem intervir na modificação e atenuação do impacto psicológico do stresse. 

António Macedo


Psychiatry Research 
"Sleep difficulties in college students: The role of stress, affect and cognitive processes"





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