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Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra

Estudo evidencia níveis elevados de ansiedade e desconforto social em doentes com deformidade dento-facial 

Sobre o estudo

As deformidades dento-faciais, congénitas ou adquiridas, podem ter graus de severidade que nem a modificação do crescimento dos maxilares nem a compensação dentária através dos aparelhos ortodônticos oferecem uma solução satisfatória de tratamento.

Nestes casos, apenas o tratamento combinado ortodôntico-cirúrgico deve ser considerado, pois é a única opção terapêutica que permite a reposição da normal relação entre os dentes e os maxilares e da estética facial, devolvendo também ao paciente o bem-estar psíquico e social afectado pela desfiguração da sua face. 

Este estudo avaliou a relação entre deformidade dento-facial e comparações sociais desfavoráveis, ansiedade e desconforto em situações sociais devido à aparência facial em duas amostras independentes.

O estudo incluiu uma amostra de 136 indivíduos, constituída por 90 estudantes universitários com boa oclusão dentária e 46 doentes do Instituto de Ortodontia da FMUC portadores de deformidade dento-facial.

Após estudo cefalométrico, o impacto da deformidade dento-facial foi avaliado com recurso a duas escalas: escala de comparação social através da aparência facial; e escala de ansiedade e desconforto em situações sociais devido à aparência facial. Os dados foram analisados estatisticamente e conclui-se que os doentes com deformidade dento-facial apresentaram níveis mais elevados de ansiedade e desconforto social.


Resultados e impacto

Os resultados deste estudo detêm importantes implicações para a investigação e prática clínica em doentes portadores de deformidade dento-facial, não só pelo desenvolvimento de um novo instrumento que avalia especificamente a ansiedade e desconforto em situações sociais devido à aparência do rosto, bem como ao sugerir que os portadores desta patologia apresentam níveis mais elevados de ansiedade e de desconforto em situações sociais, mostrando assim o impacto significativo que esta condição pode ter na vida social dos pacientes.

O estudo também alerta para a importância de incluir profissionais de saúde mental, para além do ortodontista e do cirurgião maxilo-facial, nas equipas multidisciplinares de tratamento da deformidade dento-facial, uma vez que o tratamento ortodôntico-cirúrgico, para além de corrigir a má oclusão dentária e melhorar a função mastigatória, melhora a estética facial, contribuindo para a melhoria do bem-estar social e interpessoal do doente. 


Francisco do Vale


Minerva Stomatologica - EDIZIONI MINERVA MEDICA 
Negative social comparisons and social discomfort in dentofacial deformity: a cross-sectional study


Fotografia de Danielle MacInnes  @ Unsplash


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