Instituto Confúcio
da Universidade de Coimbra

Fora da Medicina

Uma janela para a integração da Medicina Chinesa e a Medicina Ocidental

Como chinês, sinto-me muito feliz por ter a oportunidade de trabalhar e viver em Coimbra há dois anos, na bela e antiga capital de Portugal. Como médico de medicina chinesa e acupunturista, sinto-me muito honrado por ter a oportunidade de discutir a história e o desenvolvimento da medicina chinesa em conjunto com os alunos da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC).

Esta oportunidade surgiu da visita do atual reitor da Universidade de Coimbra, o Professor Amílcar Falcão, a Zhejiang, na China, em 2014, juntamente com Ana Abrunhosa, à data presidente da Comissão Coordenadora do Desenvolvimento da Região Centro de Portugal (CCDRC). Como resultado dessa visita, a Universidade de Coimbra e a Universidade de Medicina Chinesa de Zhejiang manifestaram a intenção de implementar em conjunto um Instituto Confúcio na Universidade de Coimbra.

Fora da Medicina

O Instituto Confúcio foi oficialmente inaugurado e a 4 de julho de 2016, com foco no ensino da língua chinesa e medicina chinesa. Em setembro de 2017, com o apoio e orientação dos dirigentes da Universidade e do corpo docente de Medicina, a formação "Introdução à Medicina Tradicional Chinesa" tive início, destinando-se a estudantes de medicina e proporcionando-lhes a oportunidade de aprenderem sobre a medicina oriental.

Entre 40 e 60 alunos matriculam-se neste curso todos os semestres, sendo que cerca de 90% deles são estudantes do segundo e terceiro anos de medicina. De acordo com as estatísticas do questionário realizado após a aula, 70% a 80% dos estudantes de medicina escolheram o curso por curiosidade e interesse; mais de 90% dos alunos ficaram satisfeitos com a aula e mais de 85% dos alunos estavam dispostos a recomendar o curso a outros alunos. Isso mostra que os estudantes de medicina têm vontade de compreender o multiculturalismo e outras formas de medicina.

A medicina tradicional chinesa (MTC) teve origem na China antiga, há 3500 anos. Durante o período dos Reinos Combatentes (475 a.C.-221 a.C.), a MTC desenvolveu um sistema teórico, marcado pela publicação do "Cânone Interno do Imperador Amarelo" (Huang Di Nei Jing) ". Mais tarde, a MTC foi amplamente utilizada no Japão, Coreia do Sul, Vietname, entre outros países e regiões.


Fora da Medicina

De acordo com as estatísticas, a MTC (incluindo a acupuntura) é praticada nos 183 países e regiões do mundo. Em 1980, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomendou a acupuntura destinada ao tratamento de 43 diferentes doenças. Em 2010, a acupuntura foi considerada representativa do património cultural imaterial da humanidade pela UNESCO. Em 2011, o "Cânone Interno do Imperador Amarelo" (Huang Di Nei Jing) e o "Compêndio da Matéria Médica" (Bao Cao Gang Mu) foram incluídos no Registo da Memória do Mundo (UNESCO).

Por milhares de anos, a medicina chinesa desempenhou um papel importante na manutenção da saúde do povo chinês. De acordo com o "Registo da História da Epidemia Chinesa", desde a Dinastia Han Ocidental (202 a.C. – 8 d.C.) até ao final da Dinastia Qing (1911), mais de 300 doenças epidémicas de grande escala ocorreram na China e a MTC foi um método de tratamento importante.

Nos séculos XVIII e XIX, com a introdução contínua da medicina na China, a medicina moderna desenvolveu-se rapidamente no país, o que também promoveu a pesquisa científica da medicina chinesa e o desenvolvimento da medicina tradicional chinesa e ocidental na China.

Diante de um problema mundial como a pandemia de COVID-19, os médicos chineses integraram ativamente métodos médicos modernos com a Medicina Tradicional Chinesa, como ervas, acupuntura, ventosas e Tai Chi para intervenção e tratamento de COVID-19. Conforme relatado, a medicina chinesa esteve envolvida no tratamento de mais de 90% dos casos confirmados do novo coronavirus na China.

Fora da Medicina

Portugal tem sido o ponto de encontro das culturas oriental e ocidental e a Universidade de Coimbra uma importante ponte entre o Oriente e o Ocidente. Um estudo descobriu que, há 500 anos, missionários portugueses traduziram a “moxabustão” por "botão de fogo" e apresentaram a medicina tradicional chinesa ao povo europeu pela primeira vez.

A Universidade de Coimbra e a Universidade Chinesa de Medicina de Zhejiang estabeleceram em 2018 um programa de intercâmbio de acampamentos de verão para estudantes de medicina. A 14 de junho de 2019, a primeira Conferência Internacional Sino-Portuguesa de Medicina Chinesa foi organizada conjuntamente pela Faculdade de Medicina, a Faculdade de Farmácia e o Instituto Confúcio, promovendo o intercâmbio médico entre Portugal e a China e proporcionando oportunidades de investigação e cooperação de medicina integrada chinesa e ocidental.

Fora da Medicina

Em 2015, Tu Youyou ganhou o Prémio Nobel de Fisiologia ou Medicina por ajudar a criar um medicamento anti-malária. Ela fez um discurso intitulado "Artemisinin - Um Presente da Medicina Tradicional Chinesa para o Mundo". Disse: "Aprendemos os pontos fortes da medicina chinesa e ocidental. Há um grande potencial para avanços futuros se esses pontos fortes puderem ser totalmente integrados."

O Instituto Confúcio é uma plataforma de cooperação entre a Universidade de Coimbra e a Universidade de Medicina Chinesa de Zhejiang, sendo a "Introdução à Medicina Tradicional Chinesa" uma janela de exploração da Medicina Chinesa para estudantes de Medicina da Universidade de Coimbra. Estou ansioso por uma cooperação profunda nas áreas de comunicação de professores, intercâmbio de alunos e pesquisa médica entre estas duas universidades. 

Gostaria de agradecer aos dirigentes e colegas da FMUC o forte apoio que têm dado ao meu trabalho docente, e à Universidade de Coimbra por me oferecer a oportunidade de aprender português, compreender a história portuguesa e saborear a cozinha portuguesa.

Huang Zaiwei
Diretor em representação chinesa
Instituto Confúcio da Universidade de Coimbra 

Nota: Texto traduzido e adaptado do original em inglês.