O Instituto Multidisciplinar do Envelhecimento (MIA-Portugal) terá a sua sede em Coimbra, região reconhecida, pela Comissão Europeia, enquanto referência para o envelhecimento ativo e saudável. Como vê o panorama da investigação nacional nesta área e que impacto considera ter a construção deste instituto em Coimbra?
Eu acho que a investigação em envelhecimento tem crescido muito nos últimos anos, não só na região Centro, mas também a nível nacional. Há vários grupos interessados em investigar este tópico sob diferentes perspetivas e eu presumo que esta comunidade vá aumentar em número e em qualidade nos próximos anos.
A isto, acresce o facto de ter surgido o MIA-Portugal, que é não só o primeiro centro no País, como também o primeiro no sul da Europa na área do envelhecimento. Julgo que é uma grande responsabilidade para a UC, mas também uma grande oportunidade para atrair uma equipa jovem que possa realmente desenvolver ainda mais a investigação em envelhecimento.
Acho que existe uma combinação de vários fatores que ajudam a que Coimbra possa ter cada vez mais relevo nesta área, tanto na componente de investigação quanto na componente social. Na investigação, o CIBB [Centro de Inovação em Biomedicina e Biotecnologia] contribui, já há vários anos, para a investigação em doenças relacionadas com o envelhecimento. Na componente social, a criação do consórcio Ageing@Coimbra tem mobilizado agentes sociais, empresas, municípios, Universidades e centros tecnológicos para a área do envelhecimento. Ou seja, para além da componente científica, existe também uma componente social, que é muito importante.
Depois, existe ainda um terceiro fator, que tem a ver com o próprio historial
demográfico da região Centro, que tem uma população envelhecida, e que acaba por fazer desta região uma espécie de laboratório vivo para se poder investigar melhor o processo de envelhecimento e desenvolver intervenções que contribuam para um envelhecimento saudável.
Hoje vivemos mais tempo, o que não significa que vivamos melhor. Algo que poderá estar relacionado com a falta de uma correta prevenção de diversas patologias. Que papel considera ter a partilha das descobertas científicas com a sociedade, nomeadamente daquelas relacionadas com a Medicina e a Saúde?
Há pouco, quando falava da formação de novas pessoas com sensibilidade para a área do envelhecimento, referia-me à componente técnica, de formar novos profissionais, mas, de certa forma, também me referia à sensibilidade para a criação de novos hábitos e de novas políticas institucionais para se poder contribuir para um aumento do número de anos saudáveis da população.
A componente de comunicação com o público em geral é muito importante e tem decorrido principalmente através de iniciativas de divulgação nos meios de comunicação social.
Mas existem outras formas de comunicar com o público. Neste momento, por exemplo, foi submetida uma candidatura para a criação de um Laboratório Colaborativo [CoLAB] na região Centro nesta área do envelhecimento, que pretende, de alguma forma, congregar vários interlocutores, como estruturas de cuidados primários, hospitais, empresas, Universidade e também um centro de translação tecnológica, que possa informar o público em geral e também desenvolver uma cultura de criação de valor nesta área. Acho que essa mensagem tem, aos poucos, chegado a todos e vai continuar a chegar cada vez mais.
por Luísa Carvalho Carreira
fotografias gentilmente cedidas por Lino Ferrerira