PUBLICAÇÕES 
EM DESTAQUE

Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra

Estudo aponta para eficácia de medicamento para a diabetes em fases iniciais da doença de Alzheimer

Sobre o estudo

A doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência no idoso. Estima-se que o número de pessoas com doença de Alzheimer a nível mundial seja cerca de 50 milhões e, em Portugal, cerca de 200 mil. As pessoas afetadas por esta doença apresentam uma deterioração progressiva das funções cognitivas (ex. memória, atenção, concentração, linguagem) e, em fases mais avançadas da doença, necessitam do apoio de terceiros para os cuidados de necessidade básica como higiene e alimentação.

Apesar dos inúmeros esforços por parte da comunidade científica, ainda não existe cura nem um tratamento capaz de travar ou abrandar a progressão da doença. No entanto, grandes avanços têm sido feitos em relação aos mecanismos subjacentes a esta doença. De facto, na última década vários estudos científicos mostraram que a doença de Alzheimer e a diabetes tipo 2 partilham muitas características.

Neste sentido, colocou-se a hipótese de que fármacos eficazes no tratamento da diabetes tipo 2 também o podem ser no tratamento da doença de Alzheimer. Foi neste contexto que se desenvolveu este estudo que teve como principal objetivo avaliar o efeito do liraglutido, um medicamento utilizado no tratamento da diabetes tipo 2, num modelo animal da doença de Alzheimer.

Resultados e impacto

O estudo foi realizado em ratinhos fêmea 3xTg-AD com 10 meses de idade, que representam um modelo da fase inicial da doença de Alzheimer. Utilizaram-se fêmeas porque se sabe que as mulheres têm maior probabilidade de vir a desenvolver doença de Alzheimer, nomeadamente após a menopausa. Neste estudo, um grupo de fêmeas 3xTg-AD foi tratado com o antidiabético liraglutido (análogo do peptídeo semelhante ao glucagon 1; GLP1) e outro grupo de fêmeas foi tratado com placebo (grupo controlo) durante 28 dias (administração sub-cutânea diária).

O que se observou de mais relevante neste estudo foi que as fêmeas tratadas com o antidiabético tinham níveis mais baixos da proteína beta-amilóide1-42, uma proteína neurotóxica que existe em níveis elevados e que se deposita nos cérebros de indivíduos com doença de Alzheimer. O liraglutido também foi capaz de reduzir os níveis de stress oxidativo e nitrosativo, que causam lesões celulares e moleculares, bem como a inflamação nos cérebros das fêmeas.

Estes resultados suportam a ideia de que o liraglutido pode ser eficaz nas fases iniciais da doença de Alzheimer. Embora estes resultados sejam promissores, são necessários mais estudos para comprovar a eficácia do liraglutido (ou outros agentes antidiabéticos) na prevenção/tratamento da doença de Alzheimer.


Paula Moreira 



International Journal of Molecular Sciences
Liraglutide protects against brain amyloid beta1-42 in female mice with early Alzheimer’s disease-like pathology by partially rescuing against oxidative/nitrosative stress and inflammation



Fotografia Sabine van Erp @ Pixabay


Voltar à newsletter #14