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Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra

Nova tecnologia apresenta melhor desempenho
no diagnóstico da
Doença de Alzheimer
face a métodos atuais 

Sobre o estudo

A doença de Alzheimer (DA) é a principal causa de demência em todo o mundo, afectando 5 a 9% da população com mais de 60 anos. Os processos patofisiológicos da DA têm início muitos anos antes do aparecimento dos sintomas, pensando-se envolver o processamento anormal e deposição da proteína beta-amilóide (A), seguido de disfunção neuronal e alterações estruturais cerebrais, que levam à deterioração cognitiva e demência.

A evolução da investigação na DA tem conduzido à implementação de diferentes modalidades de biomarcadores, que funcionam como uma assinatura da patologia, quer a nível de imagem cerebral, quer de marcadores bioquímicos no líquido cefalorraquídeo (LCR). Até aqui, a quantificação destes biomarcadores era realizada por ensaios imunoenzimáticos manuais e a sua acuidade dependia da experiência técnica do operador, levando a uma variabilidade de 15% entre laboratórios à escala global e limitando a sua interpretação no contexto do diagnóstico diferencial da DA.  

Recentemente, foram desenvolvidas plataformas semi-automáticas para eliminar este factor, reduzir o tempo de resposta e harmonizar a quantificação dos biomarcadores de LCR relevantes para o diagnóstico de DA (peptídeos A42 e A40, proteína Tau total e Tau fosforilada). Os objectivos deste estudo foram avaliar o desempenho analítico e diagnóstico de uma nova tecnologia Lumipulse G600II, e compará-lo com o desempenho dos métodos imunoenzimáticos manuais. 



Resultados e impacto 

Até ao momento, nenhum estudo tinha reportado a validação analítica dos quatro biomarcadores de LCR para diagnóstico de DA através de uma tecnologia semi-automática. Observou-se uma excelente correlação entre os dois métodos, contudo o método Lumipulse apresentou um desempenho analítico muito superior, com uma variabilidade entre e intra-ensaios inferior a 5%.

Também a acuidade diagnóstica para DA se revelou muito boa, com sensibilidade e especificidade de cerca de 80% no caso da proteína Aβ42 e de mais de 95% no caso da pTau, resultados comparáveis à técnica já existente. Quando classificados como tendo ou não um perfil de biomarcadores de DA, apenas 10% dos casos tiveram resultados discordantes pelos dois métodos. A percentagem de casos classificados correctamente pelos dois métodos variou de 87.5% a 97.5%, sendo que os resultados do Lumipulse estavam mais frequentemente em concordância com o diagnóstico clínico.  

O estudo concluiu que o Lumipulse tem melhor desempenho no diagnóstico de DA no LCR que a técnica actual, possibilitando perfis reprodutíveis inter-laboratórios. O Lumipulse reduz ainda a variabilidade inter-ensaios e o tempo de resposta, pelo que tem vantagens em ser implementado na prática clínica. 

Inês Baldeiras  

Alzheimer’s Research & Therapy
Clinical validation of the Lumipulse G cerebrospinal fluid assays for routine diagnosis of Alzheimer’s Disease 

Fotografia de Raman Oza @ Pixabay