PUBLICAÇÕES
EM DESTAQUE

Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra

Tratamento farmacológico controla progressão da retinopatia diabética

Sobre o estudo 

A retinopatia diabética é uma das principais complicações do diabetes mellitus e uma das principais causas de cegueira e disfunção visual em adultos em idade ativa. Esta doença é considerada uma doença neuro-vascular na qual um ambiente inflamatório crónico contribui para a disfunção da retina.

As células da microglia, células imunes da retina e com capacidade para gerar uma resposta inflamatória, poderão contribuir para as alterações da retina induzidas por hiperglicémia. Assim, estratégias terapêuticas direcionadas ao controlo destas células podem oferecer opções protetoras, interrompendo a progressão da doença. 

A hipótese deste trabalho foi a de que o bloqueio do recetor A2A da adenosina pode conferir proteção à retina, modulando a reatividade das células da microglia. Para abordar essa hipótese, foi usado um modelo animal de diabetes tipo 1 tratado todas as semanas com um antagonista do recetor A2A da adenosina por injeção intravítrea, durante quatro semanas, começando um mês após o início do diabetes. Esse protocolo experimental permitiu avaliar o potencial terapêutico do antagonista do recetor A2A da adenosina, uma vez que a retina já estava com alterações quando o tratamento foi iniciado. 


Resultados e impacto

Neste trabalho, mostrámos que um antagonista do recetor A2A de adenosina tem potencial terapêutico no tratamento das complicações da retina causadas pela diabetes. É importante salientar que o tratamento dos animais com diabetes tipo 1 com o antagonista do recetor A2A de adenosina foi iniciado 4 semanas após estabelecer-se a diabetes, numa fase em que a retina já está comprometida. Este aspeto é particularmente importante porque mostra que mesmo numa fase em que a retina já possa ter alterações devido à hiperglicemia ainda poderá ser possível atuar farmacologicamente e controlar a progressão da doença.

No nosso estudo, o tratamento farmacológico foi capaz de controlar a reatividade das células da microglia e desta forma contribuir para a diminuição dos mediadores pró-inflamatórios e stress nitrosativo e manutenção da integridade da barreira hemato-retiniana. Este receptor de adenosina surge, então, como um candidato a mais testes no contexto da retinopatia diabética. 

Ana Raquel Santiago