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Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra

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Implante intraocular permite administração mais eficaz de medicamentos

Sobre o estudo

As doenças degenerativas da retina, como o glaucoma e a retinopatia diabética, são das principais causas de cegueira em todo o mundo. As opções terapêuticas mais comuns incluem a administração tópica ou as injeções intraoculares.

Apesar da administração tópica de medicamentos ser facilmente realizada pelo doente, a aplicação de colírios necessita de ser bastante frequente, o que pode facilitar a baixa adesão à terapêutica. As injeções intraoculares são o principal método para entregar fármacos no segmento posterior do olho, mas as injeções frequentes podem causar vários efeitos secundários, como inflamação, descolamento de retina e catarata.

Assim, sistemas de libertação controlada de fármacos na forma de implantes surgem como uma solução com potencial para contornar algumas destas desvantagens. Esses sistemas podem ser formulados para manter as concentrações terapêuticas por períodos prolongados, reduzindo a frequência de administração e aumentando a adesão do doente ao tratamento.

Através da metodologia de foaming/mistura com dióxido de carbono supercrítico, desenvolvemos um implante intraocular. Este implante intraocular não é tóxico para a retina, nem causa alterações da estrutura e da função da retina, pelo que pode ter potencial para ser usado para libertar fármacos para atuarem na parte posterior do olho.


Resultados e impacto

Apesar dos avanços em Oftalmologia, o tratamento de algumas doenças, nomeadamente das doenças neurodegenerativas da retina, apresenta algumas limitações, uma vez que os métodos convencionais para administração de fármacos não são completamente eficazes. Uma possível solução para a manutenção de níveis terapêuticos de fármacos no interior do olho inclui os sistemas de libertação controlada na forma de implantes.

Neste trabalho, foi desenvolvido um implante intraocular preparado com materiais poliméricos biodegradáveis através de uma metodologia baseada em dióxido de carbono supercrítico e sem recurso a solventes orgânicos. Estes implantes são bem tolerados pelos animais e não causaram alterações nas células da retina, nem na estrutura e função da retina. No futuro, poderão ser usados como veículos para entrega de fármacos para tratamento de doenças da retina, reduzindo a necessidade de injeções intraoculares repetidas que têm alguns efeitos secundários, como a inflamação e o descolamento da retina.


Ana Raquel Santiago