Existe, igualmente, uma forte aposta em estudos feitos em parceria com universidades portuguesas e europeias, mas também com a Universidade de Harvard, nos Estados Unidos da América, e com a Universidade McGill, no Canadá.
A componente pedagógica
Tanto as aulas práticas quanto as aulas teóricas da Clínica Universitária de Oftalmologia são ministradas no CHUC. A preocupação atual do seu diretor passa por fazer um “ensino muito prático e que, por outro lado, possa melhor preparar os alunos para o novo modelo exame de acesso à especialidade”, refere, algo que idealmente resulta numa melhor aquisição de conhecimentos e competências no desenvolvimento da atividade clínica. Os alunos manifestam “um grau de satisfação grande” quanto a este tipo de ensino, conforme destaca Joaquim Murta: “Isso vê-se nos inquéritos”.
Mas, também em relação à componente pedagógica, a falta de espaço – que só poderá ser solucionada com as obras programadas – é apontada como um dos entraves ao seu pleno funcionamento. As turmas são, assim, separadas por três grupos, de dez alunos cada, que se dividem pelas urgências, pelo bloco operatório, pelos exames complementares e pela enfermaria.
Requerendo a Oftalmologia atividades de elevada minúcia, a formação dos internos de especialidade faz-se com “pequenos passos”, tal como explica o diretor da Clínica Universitária: “Temos muito cuidado em relação a isso. Por exemplo, os internos têm uma tutorização constante, não fazendo cirurgia isoladamente. Estão sempre acompanhados com especialistas”.
Para além da precisão exigida, a Oftalmologia é também uma especialidade cirúrgica muito atrativa, dada a sua abrangência: “Toda a atividade clínica, médico-cirúrgica, está apoiada com tecnologia de ponta, tem cirurgia do mais delicado que existe, em que uma gota de sangue é sangue a mais, e em que trabalhamos com vários instrumentos dentro do globo ocular, desde pinças, a tesouras, a
lasers, mas também tem cirurgia mais convencional como a oculoplástica e de órbita, em que muitas vezes somos incluídos em equipas cirúrgicas multidisciplinares”, explica o diretor da Clínica Universitária.
Os desafios para o futuro
Quem vê o empenho com que fala da sua atividade, nunca desconfiaria que Joaquim Murta, nos tempos de estudante de Medicina, estava indeciso quanto à especialidade a seguir. O Professor Poiares Baptista tentou até levá-lo para a Dermatologia, mas quem o convenceu a seguir Oftalmologia foi o Professor José Rui Faria de Abreu: “era um homem fantástico que influenciou gerações”, conta.
A Oftalmologia continua, com efeito, a ser uma área clínica de referência em Coimbra, o que explica que se desloquem a esta cidade pessoas vindas de todo o País para consultas e cirurgias: “vêm pela sólida idoneidade científica, tecnologia de ponta existente, às vezes única a nível nacional, rigorosos critérios de segurança e profissionalismo demonstrados”, observa Joaquim Murta.
Um dos desafios passa por (re)criar esta dinâmica, não apenas na Oftalmologia, mas nas demais especialidades clínicas, através de um esforço conjunto entre a FMUC/UC, o CHUC, a Câmara Municipal de Coimbra e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro.
Na opinião do diretor da Clínica Universitária, o nível científico do Serviço deve ser sempre elevado, preparando, motivando e envolvendo os profissionais, que “trabalham como um todo”. Também no que respeita à parte científica, o diretor lamenta que o Instituto Multidisciplinar do Envelhecimento (IME) ainda não esteja a funcionar em Coimbra, mas crê que, com a nova equipa reitoral da FMUC, o mesmo será construído e dinamizado em breve.
“O desafiante é procurar que a Oftalmologia em Coimbra continue a ser um bastião crescente de qualidade. É impossível fazer isso sem pessoas, desde doutorados a doutorandos, internos e especialistas, administração, secretariado, equipa assistencial e enfermagem. Temos a vontade, a determinação e a ambição. Precisamos, por vezes, que nos seja dado mais apoio e atenção.”, sumariza Joaquim Murta. Uma ‘visão’ otimista para o futuro.