O valor da discussão científicaA formação habitual de um médico na faculdade e, posteriormente, na especialidade, inclui um sem número de apresentações sobre temas teóricos, práticos, estudos científicos e casos clínicos. No global, a discussão que se segue passa pela avaliação e esclarecimento de dúvidas as quais parecem sempre, de alguma forma, aumentar a pressão sobre o apresentador. Há um receio generalizado das perguntas, quer por parte do apresentador, quer dos seus pares, que sistematicamente evitam participar na discussão.
No decorrer da formação no programa de doutoramento em ciências da saúde, da FMUC, fui exposto a um número de apresentações científicas sobre temas inovadores e multidisciplinares, desde áreas puramente moleculares até temas clínicos ou mesmo de princípios éticos. O objectivo era muitas vezes fomentar a participação e discussão científica, aparentemente sem ter a aprendizagem de conceitos e a avaliação como finalidade.
Assim, uma das principais coisas que aprendi e que me marcou na minha formação pós-graduada foi o à vontade e o gosto que ganhei na discussão de cada apresentação a que assisto ou que desenvolvo. Pode parecer uma mudança discreta ou pouco relevante, mas foi algo que sem dúvida me ajudou a avançar no meu projecto. Permitiu-me, por um lado, passar a entrar sem medo nas discussões sobre os temas que me interessam e, por outro lado, sentir-me estimulado com as perguntas que me fazem enquanto apresentador. Permitiu-me ver a discussão como um ponto estimulante, até fundamental, da comunicação em ciência e não como um momento a evitar. Este foi, assim, um dos pontos marcantes da minha formação pós-graduada na FMUC.