Foi reeleito presidente da Assembleia da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC). Quais são os objetivos para este mandato?
Neste segundo mandato, o nosso maior objetivo é a construção do plano estratégico da faculdade. É um documento estruturante, previsto pela primeira vez nos estatutos da FMUC, de 2017. Creio que poderá ter, se bem desenhado e implementado, um papel decisivo na preparação da escola para enfrentar o futuro com sucesso, não apenas externa, mas também internamente, de maneira a que trabalhar aqui seja uma fonte de satisfação e realização profissional.
O que significa, para si, ser presidente da assembleia?
A assembleia tinha até há pouco tempo um papel relativamente restrito e tornou-o, na prática, ainda mais limitado do que o regulamento determinava. Considerei imperioso mudar isso, pois é o único órgão que tem a representação dos diversos corpos profissionais da escola, dos alunos (pré-graduado e doutoramento) e de ambas as licenciaturas. No primeiro mandato, utilizámos essa representatividade como forma de identificar problemas relevantes para os diferentes corpos, destacá-los à direção da faculdade, e pedir a sua intervenção na resolução dessas questões. Surgiu também o papel decisivo da Assembleia na elaboração dos estatutos da faculdade, nos quais se previu a elaboração do plano estratégico. Há um fluxo de ideias que podem marcar positivamente o futuro e isso é o mais entusiasmante.
Marcar o seu futuro pessoal?
O meu pouco. Chegado a catedrático, o meu futuro depende pouco, formalmente, do que possa realizar neste cargo. A única coisa que o pode marcar é ajudar a responder a uma necessidade pessoal inalienável: sentir que sou útil e que contribuo para alguma coisa maior do que os meus interesses pessoais. Quero acreditar que o trabalho que atualmente desenvolvemos na FMUC pode ser benéfico para o futuro da instituição, dos estudantes, dos que aqui trabalham e da comunidade. Se assim for, marcará a minha existência e contribuirá para a minha felicidade.
Mantendo essa visão de futuro, como vê a faculdade daqui a dez anos?
Temos duas possibilidades: ou nos alteramos profundamente ou perecemos. A competição, quer nacional, quer internacional, é cada vez maior. Os recursos podem não ser mais escassos em valor absoluto, mas são muito mais competitivos. É indiscutível que a qualidade do que fizermos será o principal determinante de termos ou não futuro. Na minha perspetiva, é chegado o momento de, coletivamente, encararmos esta realidade e fazermos disso uma alavanca estrutural, não só no planeamento e na regulação da escola, mas também no dia-a-dia de trabalho administrativo, académico e científico.
Precisamos de fazer mais e, sobretudo, melhor. Para isso é necessário garantir que definimos, avaliamos, reconhecemos e recompensamos o mérito. Só assim será possível competir pelo recurso mais valioso: o empenho de gente dotada de talento. Aqui reside, a meu ver, o maior desiderato e o maior desafio do planeamento estratégico da FMUC e do seu futuro.