Sobre o estudo
A isquemia, causada por uma obstrução total ou parcial dos vasos sanguíneos, traduz-se por uma diminuição do fluxo de sangue e oxigénio a uma determinada região do organismo, sejam órgãos ou tecidos. As doenças relacionadas, entre as quais enfarte do miocárdio ou acidente vascular cerebral (AVC), encontram-se entre as que têm mais impacto junto da população, apresentando também números significativos de mortalidade .
As terapêuticas de base celular hoje existentes apresentam resultados pouco satisfatórios que dificultam a sua utilização como opção eficaz na minimização dos efeitos da isquemia. O potencial terapêutico limitado destas estratégias deve-se, em larga medida, ao facto de a maioria das células com potencial reparador, utilizadas neste tipo de terapias, morrer depois de ser injetada.
Esta morte celular está associada à presença de uma molécula chamada microRNA-17, que está envolvida em diversos processos associados à formação de novos vasos sanguíneos.
Resultados e impacto
Nesse sentido, a investigação liderada pela FMUC e pelo Centro de Neurociências e Biologia Celular da UC identificou uma nova forma terapêutica, cujo princípio passa por aumentar a sobrevivência de células que vão dar origem a vasos sanguíneos, e que estão na base da regeneração de tecidos que foram afetados pela interrupção do fluxo sanguíneo.
O sucesso da investigação passou pela descoberta de que a adição de micropartículas cobertas com uma proteína, designada “fator de crescimento endotelial vascular”, às células progenitoras dos vasos sanguíneos vai reduzir a quantidade de microRNA-17, podendo assim aumentar o seu tempo de sobrevivência. Este estudo demonstrou também que a injeção de células com níveis reduzidos de microRNA-17 pode estimular a formação de novos vasos que permitirão a chegada de sangue a regiões isquémicas.
Nature Communications
Este estudo foi financiado pelo programa ERA Chair em envelhecimento.
Lino Ferreira